Agressividade sem patente

(*) Gisele Leite

Sinceramente, já cansei de demonstrar minha insatisfação e frustração com a conduta externada pelo comandante da nação. Pobre nação que tem como presidente um homem capaz de tal verborragia: “Minha vontade é encher tua boca com uma porrada, tá?”, afirmou Bolsonaro ao jornalista após ser questionado a respeito dos depósitos realizados por Fabrício Queiroz na conta da primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Tal fato ocorreu na visita brevíssima à Catedral de Brasília. Nem o lugar foi respeitado. Nem o profissional da comunicação. Nem Newton Cruz foi tão chulo… E ele odiava jornalistas. Quanta vergonha sinto. Segundo a Revista Crusoé, os extratos bancários colocam em dúvida a justificativa sobre os empréstimos que fora apresentada até o momento pelo dito presidente.

Aliás, as transações de Queiroz conhecidas, até o momento, se seriam de repasses que somam cerca de vinte e quatro mil reais para a esposa do presidente.

A ABI deve socorrer o profissional ultrajado, ameaçado e humilhado no exercício de sua profissão, e representá-lo para que ao menos se retrate. Mas, em breve, haverá notícias novas e esclarecedoras, pois, é certo que haverá colaboração premiada como é o caso de Dario Messer e, futuramente, a mulher de Queiroz que já manifestou claramente o seu pleno descontentamento.

Não basta que as entidades representativas dos jornalistas, da OAB e dos Direitos Humanos repudiem, há de se judicializar a questão para colocar um freio no desvario verbal e comportamental desse senhor. Nem parece que um dia obedeceu e viveu sob a rigidez castrense. E o rotundo silêncio do Congresso Nacional causa espanto.

Noutra ocasião recente, em 5 de maio, em entrevista coletiva na portaria do Palácio da Alvorada ao ser questionado sobre agressões cometidas por apoiadores do governo em um ato de enfermeiros, rispidamente respondeu aos berros: – “Cala a boca, não perguntei nada!”.

Convém informar ao emérito senhor que não calarão os jornalistas, as jornalistas, os críticos e, principalmente, a memória nacional porque o vexame produzido tem projeções desastrosas, ainda mais, num momento tão crítico de pandemia de Covid-19.

Viola gravemente os Direitos Humanos e, particularmente, a dignidade humana por se comportar de forma agressiva e desequilibrada sem o devido respeito a liberdade de imprensa e ao Estado Democrático de Direito. A liturgia de seu cargo não comporta tais intempestividades.

Convém ressaltar que o jornalista atingido. apenas realizou a pergunta que é de interesse público, principalmente, pelo compromisso assumido de combate à corrupção e a busca constante do aperfeiçoamento da gestão pública.

(*) Gisele Leite – Mestre e Doutora em Direito, é professora universitária.

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