Comportando-se na Presidência da República como se estivesse em uma mesa qualquer da bodega da esquina mais próxima, Jair Bolsonaro destila suas sandices acreditando ser o último gênio da raça. Ultrapassa os limites do inacreditável a forma como Bolsonaro trata assuntos graves e relevantes, sem ter noção do que diz aos quatro cantos. Como sempre afirmou o UCHO.INFO, o atual presidente jamais teve competência e estofo para assumir cargo de tamanha responsabilidade e relevância.
Sem capacidade para gerenciar a estrebaria do quartel, Bolsonaro trata a democracia aos coices, como se fosse dono do Brasil e o totalitarismo bananeiro representasse a única solução para o País. Que os destampatórios presidências são uma ode ao absurdo qualquer brasileiro de bem sabe, mas algumas declarações são condenáveis.
Na última terça-feira (25), ao falar para uma plateia de alienados, em evento da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), em Brasília, Bolsonaro voltou a defender o trabalho infantil, prática proibida pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Em mais um de seus conhecidos devaneios discursivos, o presidente, demonstrando que não tem condições de decidir o futuro da nação, disse que atualmente os menores de idade “podem até fumar um paralelepípedo de crack, menos trabalhar”.
“Bons tempos, né? Onde o menor podia trabalhar. Hoje ele pode fazer tudo, menos trabalhar, inclusive cheirar um paralelepípedo de crack, sem problema nenhum”, afirmou Bolsonaro
O consumo de drogas é uma questão de saúde pública e cabe ao Estado, como um todo, buscar soluções para o problema, inclusive terapêuticas, e dar a devida atenção aos dependentes químicos, que precisam sair o quanto antes dessa perigosa armadilha. Quando um chefe de Estado passa a defender o trabalho infantil como referência da moral e dos bons costumes e usa o consumo de drogas pelos jovens para dar vazão ao seu saudosismo tosco e truculento, é porque chegou a hora de o brasileiro sair da zona de conforto e partir em busca de seus direitos.
Nesta quinta-feira (27), em sua enfadonha e semanal transmissão pela internet, Bolsonaro de novo recorreu ao desvario e reclamou do custo mensal de R$ 50 bilhões do auxílio emergencial, afirmando que gostaria de repassar esses recursos para o Ministério da Infraestrutura investir em obras públicas.
O despreparo do presidente é tamanho, que ele consegue induzir seus seguidores a erro ao ignorar o fato de que o pagamento do auxílio emergencial está abrigado pelo decreto de calamidade pública, em vigor até 31 de dezembro. Em razão desse cenário, o chamado “orçamento de guerra”, aprovado pelo Congresso, aparta as despesas com o combate à pandemia do novo coronavírus, permite que o governo contraia dívidas na esteira da emissão de títulos públicos, o que não é possível para investimentos em obras, cujos recursos devem sair do orçamento convencional.
Além disso, para quem conhece a trajetória política de Bolsonaro, não surpreende sua falta de sensibilidade ao tratar de forma fria e calculista tema tão delicado. Sempre movido por alienação assustadora, o presidente deveria saber que em julho aproximadamente 4,4 milhões (6,5%) de domicílios brasileiros sobreviveram apenas com os recursos do auxílio emergencial.
Mergulhado em seu projeto de reeleição, apesar de estarmos a pouco mais de dois anos da próxima corrida presidencial, Bolsonaro não estaria preocupado com o bem-estar da população não fosse sua necessidade de catalisar apoio popular em todos os rincões nacionais.
Por essa razão, o presidente mudou radicalmente o discurso em relação ao Bolsa Família, que está prestes a ser rebatizado com o nome de Renda Brasil. Até antes da eleição, o presidente era um crítico ácido e feroz do programa social.
Em vídeo gravado em 2015, que faz parte do material bruto do documentário “Entre os Homens de Bem”, Bolsonaro, então deputado federal, não economizou palavras para criticar o programa Bolsa Família. “O cara tem 3, 4, 5, 10 filhos e é problema do Estado. Ele já vai viver de Bolsa Família, não vai fazer nada. Não produz bens nem serviços, não colabora com o PIB, não produz nada!”, afirmou o outrora parlamentar.
Agora, de olho em mais um mandato, o presidente finge ignorar o passado e, como lobo em pele de cordeiro, avança com sua estratégia que busca ludibriar a parcela desavisada da população. Por isso é sumamente importante acompanhar a política brasileira de maneira cotidiana e em suas entranhas.
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