Retorno às aulas presenciais na cidade de SP continua causando polêmica e alimentando quedas de braço

 
O retorno às aulas na cidade de São Paulo continua causando polêmicas e contrapondo a gestão municipal e as escolas privadas, que recorreram à Justiça na tentativa de obter autorização para retomar o ensino presencial.

O prefeito da capital paulista, Bruno Covas (PSDB), anunciou nesta quinta-feira (27) que a data de reabertura das escolas públicas e privadas será definida em setembro, após a testagem para anticorpos do novo coronavírus em crianças e adolescentes, o que está previsto para acontecer até 15 de setembro.

“A partir dessa terceira fase (inquérito sorológico), a Prefeitura vai decidir se teremos ou não o retorno das aulas neste ano na cidade”, disse Covas durante entrevista coletiva

A administração paulistana divulgou nesta quinta-feira o resultado da segunda testagem realizada em estudantes de 4 a 14 anos da rede municipal, que detectou que 18,3% dos alunos têm anticorpos para o novo coronavírus vírus, ou seja, 123.694 crianças e adolescentes nessa faixa etária tiveram a doença. Do total, 69,5% foram assintomáticos, índice considerado alto pelas autoridades de saúde e que preocupa a Prefeitura, pois os estudantes são potenciais e silenciosos vetores de disseminação da Covid-19.

Por mais que existam projetos promissores de vacinas contra a Covid-19, pouco se conhece acerca do comportamento do novo coronavírus nas mais distintas faixas etárias, principalmente no público jovem. Acreditava-se que crianças tinham maior resistência ao vírus SARS-CoV-2 e menor capacidade de transmissão da doença, mas pesquisas apontaram na direção contrária. Tem crescido o número de casos confirmados em todo o planeta de jovens que contraíram a Covid-19 e com a evolução da doença acabaram internados.

 
Além disso, de nada adianta fazer testagem maciça entre jovens de 5 a 17 anos, por exemplo, se o mesmo não ocorrer em relação ao público adulto. Como esses adolescentes, via de regra, moram com os pais ou os avós, o retorno precipitado às aulas pode provocar uma segunda onda da epidemia na maior cidade brasileira.

É preciso cautela por parte de todos os envolvidos nessa questão, já que a não retomada das aulas ainda em 2020 está longe de ser o capítulo final da existência humana. A queda de braços entre as escolas privadas e o poder público se dá na esteira da insatisfação dos pais dos alunos em relação ao baixíssimo resultado do ensino remoto, adotado às pressas em função da pandemia.

Além disso, muitas pessoas passaram a não pagar as mensalidades escolares diante de dificuldades econômicas, do fraco resultado do ensino à distância, das incertezas no tocante ao fim da pandemia e do retorno seguro às aulas. É impossível um dirigente de escola afirmar que o estabelecimento está pronto para a retomada das aulas presenciais, com as necessárias medidas de segurança e higiene, sem que ocorra uma testagem ampla em todas as faixas etárias da população. Em suma, o melhor é se acostumar com a ideia que um retorno seguro à escola só acontecerá com o advento de uma vacina contra a doença.

As escolas privadas, que no primeiro momento resistiram a negociar os valores das mensalidades de acordo com a difícil realidade enfrentada pelo País, agora recorrem à Justiça no afã de retomar as aulas, mesmo sem a anuência do poder público. De tal modo, causa espécie uma instituição educacional, que deveria pregar o diálogo, agarrar-se à intransigência em um momento que pede flexibilidade e entendimento.

O UCHO.INFO tem conversado com pais de alunos sobre a situação provocada pela pandemia, sendo que a extensa maioria declarou que dificilmente enviará os filhos à escola neste ano por temer o pior. Muitos disseram preferir que os filhos repitam o ano ou façam reforço escolar mais adiante a correr qualquer tipo de risco. Se o brasileiro tivesse deixado de lado o negacionismo tosco e irresponsável que desceu a rampa do Palácio do Planalto a levado a sério as recomendações dos especialistas, talvez os alunos já estivesse volta às salas de aula.

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