A chanceler alemã Angela Merkel alertou a população do país para a possibilidade de meses complicados no outono e no inverno europeus devido à pandemia do novo coronavírus e disse que, em seu discurso de Ano Novo, não imaginava o quão conturbado seria 2020.
Na Alemanha, o chanceler federal tradicionalmente se apresenta duas vezes ao ano – uma no verão, outra no inverno – para entrevista coletiva na Conferência Nacional de Imprensa. Normalmente, todos os temas possíveis são abordados por jornalistas de todos os cantos do país. Porém, como esperado, a entrevista desta sexta-feira (28) foi dominada pela pandemia do novo coronavírus, tanto no teor das perguntas quanto no número limitado de 41 jornalistas presentes e nas medidas de segurança.
Em suas considerações iniciais, Merkel tratou principalmente da Covid-19 e expressou preocupação com os meses de outono e inverno, “quando voltarmos a passar bastante tempo no interior de nossas casas, nos locais de trabalho e nas escolas”, e com o risco de o número de infecções aumentar. “É de se esperar que algumas coisas serão ainda mais difíceis nos próximos meses do que no verão.”
“Por mais de meio ano, o coronavírus determina o meu trabalho como chanceler federal. Teremos que conviver ainda mais tempo com esse vírus. É sério, segue sendo sério e continuem levando a sério”, disse Merkel, usando palavras similares às usadas em seu discurso de março.
“Não voltará a ser como antes enquanto não tivermos uma vacina ou um medicamento”, disse Merkel. “A única esperança é que lidemos com a doença de uma forma que ela não coloque em perigo a nós e as pessoas de grupos de risco.”
“A pandemia torna grupos inteiros vulneráveis”
Contudo, Angela Merkel disse que também tirou experiências positivas da crise. A epidemia demonstrou que a Alemanha tem um robusto sistema de saúde e a maioria da população mostrou “sensatez, responsabilidade e humanidade” durante a crise.
No combate à Covid-19, Merkel traçou três objetivos para as próximas semanas: o funcionamento das creches e instituições de ensino deve ser garantido e as escolas devem ser mais bem equipadas para o ensino digital; a economia deve ser mantida em funcionamento no nível máximo possível; e a coesão social deve ser preservada até os limites da viabilidade, dentro das restrições vigentes.
“A pandemia torna grupos inteiros da população particularmente vulneráveis”, disse a chanceler, citando como exemplo idosos e pessoas que necessitam de cuidados e seus parentes, famílias com crianças em condições precárias de moradia, estudantes que perderam seus empregos de meio período, desempregados, pequenos empresários e artistas.
“Temos que prestar atenção especial a todos eles. Mas também é importante fazer tudo o que pudermos para garantir que nossos filhos não sejam os perdedores da pandemia”, disse Merkel, reiterando que a educação é o ponto mais importante e que as escolas não devem deixar ninguém para trás.
“O vírus representa uma afronta à democracia”, afirmou a chefe do governo alemão. Para o Estado, o novo coronavírus representa também um desafio orçamentário. Ela disse que o governo se beneficiou do bom estado das finanças públicas e afirmou estar feliz por o governo não ter caído, em anos anteriores, na tentação de se endividar em tempos de bonança. Berlim pode arcar com todas as medidas e age com responsabilidade financeira, garantiu.
Questionada se seu governo cometeu erros durante a crise, especialmente em relação à forma de lidar com as pessoas que retornavam de férias no exterior, Merkel disse que o governo teve que fazer ajustes repetidamente na conduta da crise. “Sempre que aprendemos algo novo, também temos que adotar novas medidas”, disse Merkel, que acrescentou que não acreditava, por exemplo, que toda a Espanha teria que ser novamente declarada área de risco. (Com agências internacionais)
Se você chegou até aqui é porque tem interesse em jornalismo profissional, responsável e independente. Assim é o jornalismo do UCHO.INFO, que nos últimos 20 anos teve participação importante em momentos decisivos do País. Não temos preferência política ou partidária, apenas um compromisso inviolável com a ética e a verdade dos fatos. Nossas análises políticas, que compõem as matérias jornalísticas, são balizadas e certeiras. Isso é fruto da experiência de décadas do nosso editor em jornalismo político e investigativo. Além disso, nosso time de articulistas é de primeiríssima qualidade. Para seguir adiante e continuar defendendo a democracia, os direitos do cidadão e ajudando o Brasil a mudar, o UCHO.INFO precisa da sua contribuição mensal. Desse modo conseguiremos manter a independência e melhorar cada vez mais a qualidade de um jornalismo que conquistou a confiança e o respeito de muitos. Clique e contribua agora através do PayPal. É rápido e seguro! Nós, do UCHO.INFO, agradecemos por seu apoio.