Depósitos na conta de Michelle Bolsonaro potencializam o destempero do presidente da República

 
Da corrida presidencial de 2018 até hoje, o UCHO.INFO destaca o perfil totalitarista de Jair Bolsonaro, que não esconde seu desconforto diante da democracia e o desmedido apreço por ditadores e torturadores, alguns classificados como heróis pelo presidente da República.

Para quem acompanha a política brasileira há tempo e com proximidade não se assusta com esse viés antidemocrático de Bolsonaro, que passou a condicionar a concessão de entrevistas às perguntas que serão formuladas pelos profissionais da imprensa. Acostumado a ser adulado por uma horda de insanos e radicais apoiadores, o presidente não aceita ser contrariado nem questionado sobre assuntos polêmicos.

Nesta quinta-feira (3), Bolsonaro, em vista à cidade de Eldorado, na região do Vale do Ribeira (SP), disse aos jornalistas que só concederia entrevista caso as perguntas não fossem polêmicas e incômodas.

“Que pergunta vocês vão fazer? Porque lá em Brasília tá difícil”, questionou o presidente. Um repórter respondeu que aos jornalistas cabe o papel de fazer perguntas contundentes. “Então, vai perguntar pra outro”, retrucou Bolsonaro.

 
Desde que ameaçou “encher a boca de porrada” de um repórter durante passeio pelo entorno da Catedral de Brasília, no Eixo Monumental, o presidente tem sido questionado de forma recorrente sobre os R$ 89 mil depositados na conta bancária da primeira-dama Michelle Bolsonaro pelo ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz, operador das “rachadinhas”, e por sua esposa, Márcia Aguiar, ambos em prisão domiciliar.

Quando o escândalo das “rachadinhas” veio à tona, na esteira de relatório do Coaf, descobriu-se que Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro na Alerj, havia depositado R$ 24 mil na conta de Michelle Bolsonaro.

À época presidente eleito, Bolsonaro disse que o valor era referente ao pagamento de parte de empréstimo (R$ 40 mil) feito a Queiroz. Alegou ter usado a conta bancária da mulher para receber a quantia porque não tinha tempo de ir ao banco, o que não convence. Com o avanço das investigações, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) identificou depósitos no total de R$ 89 mil para a primeira-dama.

Após evento na Câmara Municipal de Eldorado, o presidente deixou o local sem falar com jornalistas, temendo ser perguntado sobre os polêmicos depósitos. Esse comportamento de Bolsonaro, que atenta contra os princípios constitucionais da administração pública (art. 37 da CF) – legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência – demonstra que os depósitos de Queiroz para a primeira-dama reforçam seu conhecido destempero.

Se nada de errado e ilegal há no caso envolvendo a família Bolsonaro e Fabrício Queiroz, o presidente poderia moderar o discurso e, à sombra de lampejo de elegância, explicar de forma convincente à imprensa as razões que levaram aos tais depósitos. Sem ter como explicar o inexplicável, Bolsonaro agarra-se à esdrúxula tese de que a melhor defesa é o ataque.

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