Bolsonaro retira urgência de reforma tributária que unifica impostos; Brasil está à deriva em meio ao caos

 
Na edição de 3 de setembro, quinta-feira, o UCHO.INFO publicou matéria afirmando que a proposta de reforma administrativa enviada pelo governo do presidente Jair Bolsonaro ao Congresso Nacional era cortina de fumaça sobre uma crise econômico-fiscal sem data para acabar. Por certo, alguns entusiastas desse desgoverno que aí está discordaram do teor da reportagem, mas a experiência de décadas no jornalismo político nos deu tranquilidade para fazer tal afirmação.

Não foi preciso muito tempo para que nosso alerta se confirmasse, já que a proposta de reforma administrativa, absolutamente necessária para aliviar o peso das despesas obrigatórias do governo, acabou desidratada por pressão dos servidores públicos, que cultivam boa articulação no Legislativo federal, e de integrantes do Centrão, bloco parlamentar que troca apoio por cargos e outras benesses canhestras no escopo da máquina governamental.

Além das mortais investidas desses dois segmentos (funcionalismo e parlamentares), a proposta de reforma administrativa é medida paliativa para agradar aos incautos que continuam acreditando que um governo inepto e populista conseguirá tirar o Brasil do atoleiro econômico. Ademais, o neoliberalismo defendido pelo ainda ministro Paulo Guedes, da Economia, é tosco e remonta à década de 50, ou seja, está descolado da realidade nacional contemporânea.

O cenário torna-se mais grave e preocupante com a extensão da tragédia social que reina no País e foi desnudada sem cerimônia pela pandemia do novo coronavírus, que expôs ao planeta a dura realidade de uma nação que trata com irresponsabilidade as recorrentes necessidades do cidadão, todas garantidas pela Constituição Federal de 1988, mas que o governo simplesmente ignora ou dedica desdém.

Como se não bastasse, a reforma tributária, que continua na vala da promessa, é alvo de um ziguezague que contrapõe integrantes do governo e membros do Congresso, como se o caos social que só cresce pudesse avançar de forma deliberada contra os desassistidos. Para piorar, a edição desta sexta-feira (4) do Diário Oficial da União (DOU) trouxe mensagem do presidente da República ao Parlamento solicitando a retirada do pedido de urgência na tramitação da proposta oficial de reforma tributária. Em outras palavras, ao mais pobres continuarão pagando a conta de uma gestão movida pelo “faz de conta”.

 
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Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), um dos principais defensores da reforma, disse que o projeto de unificação ainda “não está maduro”. A questão é que o governo, ao enviar a proposta de reforma em julho passado, tentou ficar com a paternidade de eventual mudança no regime tributário nacional, algo que serviria para impulsionar o projeto de reeleição de Jair Bolsonaro, que com quase dois anos no cargo nada fez em prol do cidadão.

Com essa miscelânea de incertezas que diariamente descem a rampa do Palácio do Planalto, falar em recuperação econômica, a reboque da criação de um novo imposto nos moldes da finada CPMF, é querer alimentar a tragédia que tomou conta do País e para a qual este portal vem alertando há anos.

Bolsonaro tem como preocupação primeira seu projeto de conquistar mais um mandato presidencial, enquanto Paulo Guedes tenta a todo custo agradar o mercado financeiro, de onde jamais deveria ter saído. De populistas baratos e teóricos ufanistas o Brasil está cansado.

É preciso que a população reaja com firmeza e celeridade, já que o horizonte apresenta-se cada vez mais carrancudo e ameaçador. Basta voltar no calendário e analisar mais uma vez a peça orçamentária de 2021, enviada pelo Planalto ao Congresso. São tantas aberrações, que o orçamento precisa ser explicado a todo momento, sem que isso o torne minimamente compreensível. No modo “cobertor curto”, os programas Renda Brasil e Pró-Brasil ficaram de fora do orçamento do próximo ano.

Para quem ousou afirmar, durante a campanha eleitoral, que era o único candidato à Presidência capaz de resolver os problemas nacionais, Jair Bolsonaro é uma horrenda ode ao fiasco. Quanto a Paulo Guedes, o ainda ministro dispensa comentários.

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