Em cerimônia de posse no Supremo, Bolsonaro é alvo de duro “recado” do ministro Marco Aurélio Mello

 
Depois de apoiar e incentivar manifestações antidemocráticas e golpistas, ameaçar os Poderes constituídos (Legislativo e Judiciário) e determinar ao corpo jurídico do governo que atuasse em defesa de alguns dos seus radicais apoiadores, cujos perfis nas redes sociais foram bloqueados, o presidente Jair Bolsonaro, sem respeitar a liturgia do cargo, apareceu de surpresa no Supremo Tribunal Federal (STF), na quarta-feira (9), para participar, sem ter sido convidado, da cerimônia em homenagem ao ministro Dias Toffoli, que deixou a presidência da Corte nesta quinta-feira.

Acreditando ser a Presidência da República uma extensão da própria casa, Bolsonaro, ao agir dessa maneira, confirma o que há muito o UCHO.INFO insiste em noticiar: o presidente é incompetente e desprovido de estofo para cargo de tamanha relevância e responsabilidade. Não obstante, apesar da sua falaciosa fase paz e amor”, Bolsonaro continua imaginando que todos lhe devem subserviência e sabujice, como se o Brasil vivesse debaixo da bandeira do autoritarismo.

Como se não bastasse o vexame protagonizado na quarta-feira, Bolsonaro participou nesta quinta da posse do ministro Luiz Fux na presidência do STF. Durante a cerimônia, o presidente da República foi surpreendido com um duro recado do ministro Marco Aurélio Mello, que aproveitou o discurso em homenagem a Fux para destacar as fronteiras do STF.

O ministro Marco Aurélio lembrou que Bolsonaro foi eleito para governar para todos e deve corrigir as “desigualdades que tanto nos envergonham”. “Vossa excelência foi eleito com 57 milhões de votos. Mas é presidente de todos os brasileiros. Continue na trajetória vivida, busque corrigir as desigualdades sociais que tanto nos envergonham, cuide especialmente dos menos afortunados, seja sempre feliz na cadeira de mandatário maior do País”, disse o ministro ao dirigir a palavra a Bolsonaro.

Na sequência, sem citar especificamente o nome de alguma autoridade, mas dando mostras de que sua fala tinha endereço certo, Marco Aurélio ressaltou que “todo comandante deve saber ouvir, sem deixar de ser a referência maior e, ao mesmo tempo, marinheiro como outro qualquer”.

 
Como se estivesse a ressuscitar as fracassadas investidas de Bolsonaro e sua turba contra o próprio Supremo e o Congresso Nacional, o ministro disse que “fora da Carta da República não há solução, apenas arbítrio e autoritarismo”.

“A sociedade almeja e exige a correção de rumos, mas esta há de acontecer sem atropelos. Não se avança culturalmente fechando a Constituição Federal, sob pena de vingar a lei do mais forte. A prevalecerem pinceladas […], para não falar em traulitadas de toda ordem, aonde vamos parar? Não se sabe. O horizonte é sombrio. Sou otimista, avança-se observado o ordenamento jurídico, sem improvisações, sem tergiversações. Eis o preço a ser pago por viver em um estado democrático de direito”, emendou.

O ministro do STF lembrou que “é tempo de aguçar os sentidos, a coragem, aumentar a dedicação, acurar o olhar para a necessidade dos integrantes dos três poderes, mostrarem-se verdadeiros artífices na tarefa de transformar o texto constitucional em corpo vivo”.

“Imprescindíveis são homens e mulheres que as cumpram, dirigentes que exerçam ofícios convictos e que o cidadão comum adota como parâmetro a conduta das autoridades legitimamente constituídas”, completou Marco Aurélio Mello.

Adepto confesso do despotismo e defensor de ditadores e torturadores, Jair Bolsonaro deve ter percebido que seu plano de sufocar a democracia e suprimir a liberdade do cidadão foi pelo ralo, a não ser que o plano de golpe, que recentemente foi rascunhado pelo generalato palaciano e acabou engavetado, volte à escrivaninha.

O UCHO.INFO insiste que em algum momento, caso o nível de contrariedade alcance níveis insuportáveis para um candidato a tiranete, Bolsonaro dará um “cavalo de pau’ na democracia brasileira, pois derrotas e recuos não têm espaço na sua personalidade megalômana e autoritária.

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