Em live, Bolsonaro se dá mal ao “usar” youtuber mirim para defender a não obrigatoriedade da vacinação

 
Há dias, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que conquistou a pecha de “genocida” por defender o uso da hidroxicloroquina no tratamento contra a Covid-19, mesmo diante de qualquer comprovação científica da eficácia do medicamento em relação ao novo coronavírus.

Como sempre, a declaração de Bolsonaro avançou no terreno da farsa, pois sua irresponsabilidade genocida é fruto do desrespeito às regras sanitárias e às recomendações de médicos e cientistas para o combate ao vírus SARS-CoV-2. Ou seja, o presidente da República mais uma vez recorreu à vitimização para justificar desvarios.

Preocupado apenas com seu projeto de reeleição, Bolsonaro tenta ser simpático a “gregos e troianos”, como forma de não perder o apoio dos radicais de direita e conquistar o dos incautos que acreditam em um governante que até o momento não mostrou a que veio.

Em mais um rompante de irresponsabilidade, que misturou populismo barato com negacionismo criminoso, Jair Bolsonaro, em sua enfadonha live semanal, novamente defendeu a não obrigatoriedade da vacinação contra a Covid-19, contrariando lei que ele próprio assinou meses antes. O presidente alegou na transmissão pela internet que não se pode obrigar alguém a se imunizar contra a Covid-19.

Na transmissão, Bolsonaro perguntou a uma “youtuber mirim” Esther Castilhos, de 10 anos, se ela aceitaria ser vacinada contra a Covid-19 caso o imunizante não tivesse comprovação científica.

“Você gosta de tomar vacina?”, questionou Bolsonaro. “Eu gosto, é muito melhor do que tirar sangue”, respondeu a menina. “Mas você tomaria qualquer vacina, sem comprovação científica?”, insistiu o presidente. “Sim”, devolveu a jovem youtuber.

 
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Na sequência, Bolsonaro repetiu que vacinas em desenvolvimento contra a Covid-19 “ainda não tem uma comprovação científica”. “Você acha que se chegar qualquer vacina por aí sem que passe pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), tem todo um procedimento lá…”, afirmou o presidente.

Bolsonaro sabe – ou deveria saber – que o Brasil é signatário de diversos protocolos internacionais que exigem comprovação científica, obtida por meio de ensaios clínicos, para a aprovação e homologação de qualquer medicamento. Não obstante, qualquer fármaco que for utilizado ou comercializado no território nacional sem a autorização da Anvisa é caso de polícia. Na cruzada pela politização da pandemia, o chefe do Executivo agora arrasta potenciais vacinas contra o novo coronavírus para sua catapulta particular de sandices.

Além disso, na contramão do negacionismo presidencial, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) estabelece como “obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias”.

O presidente insiste na politização do tema, como afirmamos em matéria anterior, porque a farmacêutica chinesa Sinovac fechou acordo com o Instituto Butantan, do governo de São Paulo, para testar e produzir a vacina Coronavac no Brasil. Com a suspensão temporária dos testes da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, por causa de reação adversa grave em uma voluntária, o imunizante chinês poderá chegar à etapa de homologação antes da concorrente britânica.

Como o governador João Dória Júnior (PSDB-SP) é pré-candidato à Presidência da República em 2022, Bolsonaro quer evitar que o seu potencial adversário largue na frente com uma vacina contra o novo coronavírus. Em suma, ao presidente pouco importa a saúde da população e a vida de cada brasileiro, desde que seu plano de reeleição não sofra solavancos e ameaças.

Se Bolsonaro não tem competência para comandar o País, como já demonstrou desde o início da gestão, que peça para sair, já que o papel de qualquer governo sério e democrático é cumprir a lei como forma de garantir os direitos de todos, em detrimento dos devaneios de uma minoria impulsionada pelo radicalismo. E o direito à saúde é um dever do Estado e um direito do cidadão.

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