Bolsonaro desloca seu negacionismo genocida para as queimadas que consomem o Pantanal e a Amazônia

 
Como tem afirmado o UCHO.INFO, o negacionismo sistemático tornou-se a mola propulsora do governo de Jair Bolsonaro, que desde a posse vem se dedicando a discursos descabidos e a teorias da conspiração para sorrateiramente minimizar a própria inépcia.

Depois de, ao longo de seis meses, negar a gravidade da pandemia do novo coronavírus e afirmar que a Covid-19 produziria no máximo 800 mortes (já são mais de 134 mil óbitos pela doença), Bolsonaro agora volta seu negacionismo para a tragédia ambiental que tem lugar no Pantanal e na Amazônia, regiões devoradas por incêndios criminosos.

As queimadas já devastaram quase 3 milhões de hectares do Pantanal, o que representa aproximadamente 20% da área total da maior planície alagada do planeta ou 1,8% do território nacional.

Como se a realidade dos fatos fosse insuficiente para evitar que destilasse absurdos sobre as queimadas, já que até o momento não se pronunciou oficialmente sobre a tragédia ambiental, Bolsonaro disse nesta quarta-feira (16), ao chegar ao Palácio da Alvorada, que as críticas ao governo por causa dos incêndios são “desproporcionais”.

Diante de apoiadores, o presidente alegou que queimadas têm ocorrido nos Estados Unidos e na África e acusou, sem apresentar provas, ONGs de utilizarem “laranjas” para inviabilizar a regularização fundiária no País.

 
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“Tem críticas desproporcionais à Amazônia e ao Pantanal, né. Califórnia está ardendo em fogo. A África tem mais fogo que no Brasil. Nós tentamos com a regularização fundiária resolver essa questão. Tem muita terra que ONG botou laranja aqui, então o lobby é enorme para você não fazer a regularização também”, afirmou Bolsonaro, em mais uma declaração absurda e marcada pelo devaneio de um governante incompetente.

A fala de Bolsonaro faz eco ao palavrório irresponsável e negacionista do vice Hamilton Mourão, que nesta quarta-feira (16) disse que “infelizmente, parte do mundo tem por vezes uma visão distorcida sobre o desmatamento ilegal e queimadas na Amazônia”.

“Não negamos ou escondemos informação sobre a gravidade da situação, mas também não aceitamos narrativas simplistas e distorcidas”, completou Mourão, que preside o Conselho Nacional da Amazônia Legal, durante debate online promovido pelo Núcleo de Estudo Luso-Brasileiro da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.

Para completar a irresponsabilidade do governo em relação à proteção ambiental, assunto que não interessa a parte do agronegócio, o ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente) disse que o aumento das queimadas no Pantanal decorre da proibição do uso do fogo controlado e, ato contínuo, do acúmulo de matéria orgânica, que serviria como combustível para os incêndios.

Entidades de proteção do meio ambiente que atuam na região discordam do argumento de Salles e afirmam que os incêndios que já destruíram quase 20% do bioma estão relacionados à ação do homem, na maioria dos casos criminosa. O ministro deveria saber que material combustível só é perigoso quando alguém ateia fogo.

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