Assembleia da ONU: Bolsonaro mentiu ao falar sobre Covid-19, auxílio emergencial e proteção aos índios

 
Política e mentira são irmãs siamesas em qualquer parte do planeta, com alterações no índice de periculosidade dessa relação espúria. Essa xifopagia é mais evidente e nociva no Brasil, onde a mentira é a mola propulsora da atividade política. Basta comparar as promessas de campanha com os atos dos eleitos.

Como se o planeta desconhecesse a realidade, o presidente Jair Bolsonaro mentiu diversas vezes no discurso de abertura da 75ª Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), proferido virtualmente nesta terça-feira (22) em razão da pandemia do novo coronavírus.

No terceiro parágrafo do discurso, que teve como foco seu eleitorado, a exemplo do que aconteceu na Assembleia anterior, Bolsonaro afirmou ter alertado para o perigo que representava a Covid-19. “Desde o princípio, alertei, em meu país, que tínhamos dois problemas para resolver: o vírus e o desemprego, e que ambos deveriam ser tratados simultaneamente e com a mesma responsabilidade”, disse o presidente.

Bolsonaro tem garantido o direito constitucional à livre manifestação do pensamento, mas na condição de chefe de Estado não pode recorrer às mentiras para camuflar a incompetência de um governo inepto e desorientado.

Em 22 de março passado, Bolsonaro afirmou que a previsão do governo era que o número de mortes decorrente da pandemia do novo coronavírus não superaria os óbitos registrados em 2019 por conta da H1N1, que ficaram abaixo de 800. Além disso, Bolsonaro, em dos populistas encontros com apoiadores que diariamente se aglomeram diante do Palácio da Alvorada, comparou a Covid-19 a uma “gripezinha” e um “resfriadinho”.

 
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Insistindo em atacar a imprensa, criticada pelas notícias sobre a pandemia, Bolsonaro voltou a responsabilizar os veículos de imprensa, sugerindo que as informações sobre a Covid-19 no País são inverídicas. O presidente afirmou em seu discurso que a mídia disseminou pânico entre a população ao defender o isolamento social, não sem antes responsabilizá-la pelo caos que ficou mais evidente no rastro da pandemia. A economia brasileira já cambaleava antes da crise provocada pelo novo coronavírus, mas o presidente não perdeu a oportunidade de culpar o vírus pela tragédia social que, longeva, ficou escancarada.

Ainda na seara da pandemia, o presidente brasileiro disse que de forma parcelada o governo concedeu auxílio emergencial a 65 milhões de brasileiros, benefício que totalizou, nas palavras de Bolsonaro, US$ 1 mil. Além de mentir desavergonhadamente, o presidente é um fracasso em cálculo matemático, pois na melhor das hipóteses o auxílio emergencial, para quem tiver a sorte de receber todas as nove parcelas, chegará a R$ 4,2 mil, valor que na cotação desta terça-feira corresponde a US$ 769.

No tocante a propalada assistência a mais de 200 mil famílias indígenas durante a pandemia, trata-se de mais uma monumental inverdade vociferada por Jair Bolsonaro, que não se cansa de esconder a trágica realidade para poupar o governo de críticas certeiras e necessárias. Muitas tribos indígenas foram abandonadas à própria sorte durante a crise da Covid-19, tendo adotado por conta própria medidas restritivas para evitar o avanço do contágio pelo vírus SARS-CoV-2.

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