Observatório do Clima diz que discurso de Bolsonaro foi delirante e “expôs o país de forma constrangedora”

 
O Observatório do Clima, entidade que congrega 50 organizações não governamentais e movimentos sociais brasileiros, afirmou nesta terça-feira (22), por meio de nota, que o discurso do presidente Jair Bolsonaro na abertura da 75ª Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) foi um “novo delírio” e “expôs o país de forma constrangedora”.

Ao ignorar a verdade dos fatos que ocorrem na Amazônia e no Pantanal, onde a destruição dos respectivos biomas configura tragédia ambiental sem precedentes, o presidente tenta escapar da responsabilidade atacando os críticos de seu governo, que cobram políticas consistentes de preservação do meio ambiente.

“Somos vítimas de uma das mais brutais campanhas de desinformação sobre a Amazônia e o Pantanal. A Amazônia brasileira é sabidamente riquíssima. Isso explica o apoio de instituições internacionais a essa campanha escorada em interesses escusos que se unem a associações brasileiras, aproveitadoras e impatrióticas, com o objetivo de prejudicar o governo e o próprio Brasil”, disse Bolsonaro, em mais um pífio espetáculo de vitimização e teria da conspiração.

Em nota, o Observatório do Clima afirmou que Bolsonaro “confirmou as preocupações dos investidores internacionais que pensam em sair do Brasil”. Tal movimento ganhou força com o avanço do negacionismo tosco e criminoso que domina a cúpula do governo.

O Observatório ressaltou na nota que “ao negar simultaneamente a crise ambiental e a pandemia, o presidente dá a trilha sonora para o desinvestimento e o cancelamento de acordos comerciais no momento crítico de recuperação econômica pós-Covid”.

 
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Como já destacou o UCHO.INFO em matéria anterior, a entidade entende que o discurso de Bolsonaro tinha como endereço seus eleitores e apoiadores, não a comunidade internacional. Esse comportamento obtuso repete o da Assembleia anterior, quando o presidente brasileiro atirou em diversas direções e defendeu um governo movido pela incompetência e que tem a esquerda no espelho retrovisor.

“Não teve o objetivo real de prestar esclarecimentos sobre a situação do Brasil a parceiros comerciais e consumidores preocupados, muito menos de propor uma visão de país, como era a tradição, mas de combater a realidade e inventar inimigos imaginários”, ressalta a nota.

No momento em que mais uma vez aponta seu discurso na direção do seu eleitorado, Bolsonaro tentou dar mais um impulso ao seu projeto de reeleição, mesmo faltando dois anos para a próxima corrida presidencial.

Esse também é o entendimento do Observatório do Clima, em cuja nota o secretário-executivo da entidade, Márcio Astrini, enfatiza: “Ao arrasar a imagem internacional do Brasil como está arrasando nossos biomas, Bolsonaro prova que seu patriotismo sempre foi de fachada”.

Astrini lembrou que o presidente da República “acusou um conluio inexistente entre ONGs e potências estrangeiras contra o país, mas, ao negar a realidade e não apresentar nenhum plano para os problemas que enfrentamos, é Bolsonaro quem ameaça nossa economia. O Brasil pagará durante muito tempo a conta dessa irresponsabilidade. Temos um presidente que sabota o próprio país”.

Bolsonaro alimenta a tese delirante de que questões envolvendo a proteção do meio ambiente são pautas esquerdistas, pensamento que mostra o perigo que o Brasil e os brasileiros correm com o futuro da nação sendo decido por alguém movido pela ignorância e pela perseguição ideológica. Alguém precisa avisar a Bolsonaro que a preservação ambiental é importante alavanca para as exportações do País.

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