Temendo que decisão do STF de afastar Chico Rodrigues vire regra, Senado aciona o botão do corporativismo

 
A política no Brasil, assim como em muitas nações, é refém do corporativismo. Prática comum no País, o corporativismo foge à normalidade e atenta contra o bom-senso. Apesar desse cenário, a sociedade verde-loura continua assistindo a tudo com impressionantes letargia e desinteresse pelas questões relacionadas à política.

O escândalo envolvendo o senador Chico Rodrigues (DEM-RR), flagrado pela Polícia Federal, durante operação contra desvio de recursos públicos, com R$ 33 mil escondidos na cueca, além de outro montante guardado na sua residência, traz à cena o corporativismo.

O episódio teve repercussão internacional, com direito a deboches dos mais variados, e prejudicou ainda mais a desgastada imagem do Brasil no exterior. O presidente Jair Bolsonaro, que escolheu Rodrigues como vice-líder do governo, agiu rapidamente nos bastidores para que parlamentar abandonasse o cargo, como forma de minimizar os estragos que subiram a rampa do Palácio do Planalto.

Responsável por autorizar a operação da PF, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou o afastamento de Rodrigues do mandato pelo período de 90 dias, com o objetivo de evitar que o senador use o cargo para atrapalhar as investigações.

O caso é para cassação de mandato, mas Chico Rodrigues tem direito ao contraditório, ao devido processo legal e à ampla defesa, como determina a Constituição Federal de 1988. Em ano eleitoral, o imbróglio produz efeitos colaterais com maior poder de destruição, o que tem levado muitos parlamentares a uma encruzilhada política.

 
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O primeiro caminho aponta na direção da autofagia, já que referendar a decisão do STF pelo afastamento de Rodrigues representa uma deliberada “caça às bruxas” no Parlamento. Longe de ignorar a necessidade e a importância do afastamento, o UCHO.INFO entende que uma decisão nesse sentido provocará estragos consideráveis na política. Além disso, poderá desencadear uma avalanche de escândalos, os quais continuam cuidadosamente debaixo do tapete do esquecimento.

A segunda trilha demonstra que uma possível autorização do Senado para que a decisão do STF tenha efeito prático poderá levar o Judiciário a estender a mesma medida a tantos casos e escândalos envolvendo políticos.

O episódio que tem Chico Rodrigues na proa não pode ser abandonado, mas é necessário que a sociedade perceba a importância de a política ser acompanhada diuturnamente e com atenção redobrada.

Ademais, o presidente Jair Bolsonaro elegeu-se na esteira das promessas de combater a corrupção e resgatar a ética na política, mas o temo revelou que o chefe do Executivo, a exemplo do que sempre afirmou este noticioso, é o que se conhece como “mais do mesmo”.

A parcele de bem da sociedade, que se interessa pela política, tem o dever de pressionar os senadores para que o caso de Chico Rodrigues não fique para as calendas. Essa investida tem como coadjuvante a necessidade de o Parlamento recobrar as doses de credibilidade perdidas ao longo de anos de escândalos de corrupção e outros quetais. No contraponto, o STF será beneficiado em sua imagem caso a decisão de Barroso seja rejeitada pelo Senado. A conferir!

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