Oportunista e incoerente, Damares Alves não tem moral para cobrar a imediata prisão do jogador Robinho

 
O falso moralismo que domina o pífio governo de Jair Bolsonaro chega a ser nauseante. Não bastassem o populismo barato que embala a gestão bolsonarista e o amontoado de mentiras oficiais, o bom-mocismo de ocasião chega a ser torpe.

Uma das protagonistas dessa ópera bufa liderada por Bolsonaro é a ministra Damares Alves (da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos), evangélica fundamentalista que está a defender a imediata prisão do jogador Robson de Souza, o Robinho, condenado em primeira instância na Itália por violência sexual.

“Cadeia imediatamente, não tenho outra palavra para falar. Ainda cabe recurso, mas o vazamento dos áudios, gente. Querem mais o quê? Cadeia. Nenhum estuprador pode ser aplaudido. O cara quer voltar para o campo para posar como herói”, disse a ministra.

“O clube já reviu, e parabéns ao Santos por ter rescindido. Eu sei que ainda cabe recurso, mas acho que está muito claro. O vazamento dos áudios está muito claro, a forma como isso chegou para nós”, declarou.

“Esse é um crime que não merece nenhuma consideração ao abusador, ao estuprador. A gente não tem que fazer concessão com esse tipo de crime. Tem que cumprir a pena que é estabelecida, ou lá ou aqui, imediatamente”, completou.

Em que pese a decisão proferida pela Justiça italiana, Robinho ainda aguarda julgamento de recurso, que terá início em 10 de dezembro, a presunção de inocência deve prevalecer até o trânsito em julgado da sentença condenatória, como estabelece o regime democrático, até mesmo o mais mambembe deles.

Se há no Brasil alguém desprovido de moral para criticar Robinho, esse é Damares Alves, que tenta se aproveitar da situação para voltar à cena midiática com suas conhecidas bizarrices.

 
No entendimento do UCHO.INFO, uma pessoa que atuou nos bastidores do poder para tentar impedir a realização do aborto na menina de 10 anos, que engravidou após ser estuprada pelo tio, deveria se recolher à própria insignificância e pedir demissão.

A atitude de Robinho é abominável, não resta dúvida, mas a ministra poderia poupar o País do seu moralismo tosco e de conveniência, pois entre o crime imputado ao jogador e o estupro de vulnerável de que foi vítima a garota capixaba, por certo o segundo carrega grau de hediondez insuperável.

Não obstante, é preciso relembrar que Damares Alves, em 2005, subtraiu de uma aldeia a garota indígena Kajutiti Lulu Kamayurá, à época com 5 anos. Na ocasião, Damares e a amiga Márcia Suzuki, que se apresentaram como missionárias, alegaram que Lulu seria levada para um tratamento dentário e que retornaria em seguida.

Avó paterna de Lulu, a indígena Tanumakaru, responsável pela criação da menina pela ausência de condições da mãe biológica, relatou à revista Época o momento da partida da neta. “Chorei, e Lulu estava chorando também por deixar a avó. Márcia levou na marra. Disse que ia mandar de volta, que quando entrasse de férias ia mandar aqui. Cadê?”.

Damares Alves, que durante longos anos afirmou que Lulu era sua filha adotiva, mudou o discurso e passou a dizer que era cuidadora da indígena, hoje com 21 anos.

Para concluir, aproveitando o momento enfrentado por Robinho, que deve acertar as contas com a Justiça, não se pode deixar para as calendas a declaração criminosa do presidente da República, que enquanto deputado federal disse, em 2014, que a petista Maria do Rosário “não merecia ser estuprada por ser muito feia”.

Se Damares Alves defende a imediata prisão de Robinho, sequer deveria ter aceitado convite para integrar um governo cujo presidente condiciona o estupro de uma mulher à sua beleza.

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