Presidente desistiu da Coronavac para agradar ala ideológica do bolsonarismo e garantir reeleição do filho

 
Antecipada pelo UCHO.INFO, o que causou a reação destemperada da súcia de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, a politização da vacina contra a Covid-19, que precisa ter eficácia comprovada, tem razão de ser.

Como na política brasileira nada acontece por acaso, o recuo de Bolsonaro em relação ao anúncio de que o governo compraria 46 milhões de doses do imunizante Coronavac, desenvolvido pela farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, de São Paulo, tem explicação.

Depois de abandonar as absurdas promessas de campanha e amainar o discurso em relação aos outros dois Podres constituídos, por temer o pior aos filhos no âmbito do Supremo Tribunal Federal (STF) e necessitar do apoio do chamado “Centrão” no Congresso Nacional, o que exigiu genuflexão política, Bolsonaro percebeu que era necessário um aceno à ala ideológica dos apoiadores. Isso porque é preciso garantir (sic) a reeleição de Carlos Bolsonaro, que tenta novo mandato como vereador no Rio de Janeiro, e a eleição da ex-mulher Rogéria Bolsonaro ao Legislativo carioca.

Depois do anúncio da compra de 46 milhões de doses da Coronavac, Bolsonaro determinou a anulação do protocolo de intenção estabelecido com o Butantan, reflexo imediato da pressão exercida pelos apoiadores mais radicais nas redes sociais. Quem alertou o presidente sobre a reação dos apoiadores foi Carlos Bolsonaro, acusado de ser o comandante do chamado “gabinete do ódio” e responsável pelas contas do pai nas redes sociais.

Descartar a compra de uma vacina que está a poucos passos de ter a eficácia comprovada por questões ideológicas e interesses políticos é crime de responsabilidade, o que permite acionar a Lei nº 1.079, de 10 de abril de 1950, também conhecida como Lei do Impeachment.

 
A manobra de Bolsonaro foi facilmente constatada a partir de um “escorregão” cibernético de Carlos Bolsonaro, sempre beligerante e intransigente. “Carluxo”, como é conhecido filho “02”, usou conta do pai em rede social para atacar a coluna do jornalista Guilherme Amado, da revista Época.

Na conta do presidente na rede social, Carluxo escreveu: “Estou impossibilitado de ser o “Controlador Geral da União” nomeado pel(x) Guilherme Amado, pois momentaneamente ocupo o cargo de vereador da cidade do Rio de Janeiro! Há impedimento legal”.

É inaceitável que os destinos do País sejam decididos de forma irresponsável e ilegítima por um agrupamento de extremistas de direita que não aceitam críticas nem o contraditório, assim como sempre estão dispostos a atropelar a democracia e o Estado de Direito.

O recuo de Bolsonaro no caso da vacina desenvolvida na China mostra sua fraqueza como governante e seu despreparo para cargo de tamanha relevância e responsabilidade. A sociedade não pode concordar com essa torpeza e precisa reagir à altura.

Não obstante, ao descartar a Coronavac o presidente da República, que continua de joelhos diante das ordens disparadas a partir da casa Branca, coloca à beira do precipício a relação do Brasil com seu principal parceiro comercial, a China.

A vida e a saúde dos brasileiros não podem ser reféns da ideologia obtusa defendida pelo clã presidencial e pelo projeto de reeleição do presidente da República, que desde que chegou ao Palácio do Planalto só conseguiu protagonizar escândalos e bizarrices, além das ameaças covardes aos Poderes constituídos. É tempo de dar um basta!

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