Bolsonaro retoma o discurso golpista e diz que Forças Armadas estão prontas para “garantir liberdade”

 
Populista convicto, o presidente Jair Bolsonaro retomou o discurso golpista, mesmo que de forma dissimulada, para agradar à ala ideológica do governo e à porção ultrarradical da sua horda de apoiadores. Esse palavrório que enviesa pela seara ditatorial tem o objetivo específico de proporcionar uma reaproximação com os seguidores que desafiam diuturnamente a ordem democrática em nome de uma ideologia obtusa e ultrapassada.

Contudo, há nessa correção de rota da oratória presidencial uma questão importante que muitos sequer perceberam: impulsionar candidatos apoiados por Bolsonaro e que disputarão algum cargo nas eleições municipais de novembro próximo. Entre os candidatos está o filho vereador do presidente da República, Carlos Bolsonaro, que tenta a reeleição.

Há dias, um leitor do UCHO.INFO escreveu em rede social que tal análise não passava de devaneio de nossa parte, mas é preciso compreender a política e conhecer seus meandros para interpretar gestos e decisões de governantes e autoridades.

Disposto a retomar o discurso insano, que atenta contra a democracia e o Estado de Direito, o presidente da República afirmou, nesta sexta-feira (23), durante evento da Força Aérea Brasileira (FAB), que as Forças Armadas estão prontas para defender a pátria de garantir a liberdade.

 
“Quando tudo lhes parecer incerto, lembrem-se das Forças Armadas. Como bem diz a história, elas sempre estarão prontas para defender a pátria e para garantir a nossa liberdade”, declarou Bolsonaro.

É importante ressaltar que o papel das Forças Armadas é defender a soberania do País, principalmente na seara territorial, mas em relação à liberdade de cada cidadão a garantia repousa na democracia.

O presidente que não se arvore a retomar o palavrório insano e ameaçador contra o Estado Democrático de Direito e aos Poderes constituídos, pois a abertura de um processo de impeachment por crime de responsabilidade depende apenas da boa vontade do presidente da Câmara dos Deputados, no caso Rodrigo Maia, que até o momento mostrou-se “em cima do muro”.

Considerando que os primeiros escalões do governo abrigam centenas de militares e o Palácio do Planalto foi transformado em amostra grátis de um “forte apache”, discursos dessa natureza devem ser compreendidos como despertar das ameaças. Aliás, ninguém deve esperar atitudes sensatas de um adorador de torturadores.

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