“Não vamos controlar a pandemia”, diz chefe de gabinete do negacionista Donald Trump

 
O chefe de gabinete da Casa Branca, Mark Meadows, afirmou, no domingo (25), que os Estados Unidos “não vão controlar” a pandemia do novo coronavírus, que já deixou quase 225 mil mortes no país. “Não vamos controlar a pandemia. Vamos controlar o fato de termos vacinas, terapias e outras áreas de mitigação”, disse Meadows ao apresentador Jake Tapper, da rede CNN.

Tapper pressionou Meadows a explicar por que o governo não pretende controlar a doença, num momento em que o vírus avança com força no meio-oeste dos EUA. Ele respondeu: “Porque é um vírus contagioso como a gripe”.

Questionado sobre a recusa do governo em tornar obrigatório o uso de máscaras e o fato de Trump continuar organizando grandes eventos de campanha com aglomerações, o chefe de gabinete da Casa Branca respondeu: “Vivemos em uma sociedade livre”. Alguém precisa avisar a Meadows que a liberdade de um cidadão termina no exato ponto em que começa o direito de outro à própria vida. E ninguém, por razões ideológicas, pode colocar em risco a vida do seu semelhante.

A imprensa norte-americana classificou as declarações de Meadows como uma admissão excepcionalmente franca da mentalidade do governo Trump, que desde o início da pandemia evitou assumir um papel de liderança na organização de um esforço nacional para controlar o vírus. Paralelamente, membros do governo Trump e o próprio presidente evitaram seguir regras de distanciamento social e até usar máscaras ao longo da pandemia.

No contraponto, a admissão de Meadows contrasta com declarações do presidente Donald Trump nas últimas semanas, que em busca da reeleição tem insistido na falácia de o “vírus está indo embora”.

 
No último sábado (24), os EUA registraram sua segunda maior marca de novos casos de covid-19, com 84 mil americanos recebendo diagnóstico positivo. Neste domingo, o país acumulava 8.575.000 casos totais da doença, de acordo com dados da Universidade Johns Hopkins.

As afirmações Mark de Meadows provocaram críticas imediatas. O governador do estado de Nova York, Andrew Cuomo, disse que elas são equivalentes a uma rendição. “Eles se renderam sem disparar um tiro. Foi a grande rendição americana”, disse ele no domingo, de acordo com o jornal “Daily News”. “Eles acreditaram desde o início que não poderiam controlar o vírus”, disse Cuomo.

Em clara provocação político-eleitoral, Cuomo disse que seu estado foi capaz de controlar a doença. Depois de um início caótico, que fez com que a cidade de Nova York fosse um dos epicentros mundiais da doença, a taxa de infecção foi reduzida a uma das mais baixas dos EUA por meio de um programa agressivo de testes e rastreamento de contatos.

Já a democrata Kamala Harris, que concorre à vice-presidência na chapa de Joe Biden, acusou o governo Trump de admitir a derrota. “Eles reconhecem seu fracasso”, criticou Harris a repórteres em Michigan. “É o maior fracasso de uma administração presidencial na história dos Estados Unidos”, completou.

Biden, compartilhou da opinião de Harris, dizendo que Meadows “admitiu que o governo desistiu de tentar controlar esta pandemia, que desistiu de seu dever básico de proteger o povo americano.”

“Já passou da hora de o presidente Trump e seu governo ouvirem os cientistas, agirem e finalmente levarem a sério a ameaça de um vírus que está custando milhares de vidas a cada semana, fechando nossas escolas e forçando milhões de americanos a perder o trabalho”, disse Joe Biden. (Com agências internacionais)


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