Coronavírus ameaça sistema de saúde alemão, afirma Angela Merkel, que espera inverno difícil

 
A chanceler alemã Angela Merkel defendeu perante o Bundestag (Parlamento), nesta quinta-feira (29), as novas medidas anunciadas pelo seu governo um dia antes para conter a pandemia do novo coronavírus.

“As medidas que agora adotamos são adequadas, necessárias e proporcionais”, afirmou Merkel, em discurso que foi várias vezes interrompido por apupos da bancada do partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD).

A chanceler disse que as limitações de contato são o melhor e principal meio para reduzir as infecções. Trata-se de reduzir os contatos de forma sistemática ao “mínimo absolutamente necessário”.

Merkel argumentou que a atual taxa de infecções ameaça o sistema de saúde da Alemanha. O Instituto Roberto Koch (RKI) anunciou nesta quinta-feira um novo recorde diário: 16.774 infecções em apenas 24 horas em todo o país.

A atual dinâmica das infecções pode sobrecarregar as UTIs do país em poucas semanas, argumentou a chanceler. Ela lembrou que o número de pacientes em UTIs devido à Covid-19 mais do que dobrou nos últimos dez dias e chegou a 1.500. Se o governo esperar até as UTIs estarem cheias, disse Merkel, “aí será tarde demais”.

 
Entre as medidas estão o fechamento de restaurantes, bares, academias, teatros, cinemas e piscinas a partir da próxima segunda-feira, e a limitações de reuniões privadas a dez pessoas de no máximo duas residências diferentes.

Também o ministro da Saúde, Jens Spahn, em declarações a uma emissora de rádio, deixou claro que o objetivo do governo alemão é impedir o colapso do sistema de saúde. “Eu não quero esperar até as UTIs estarem lotadas”, afirmou.

No seu discurso no Parlamento, Angela Merkel preparou os alemães para quatro meses longos e difíceis. “O inverno será difícil, mas ele vai acabar”, disse a chanceler. Nos oito primeiros meses da pandemia, afirmou, os alemães aprenderam uns com os outros e se apoiaram. “Isso distingue essa sociedade. Essa disposição para ajudar, esse senso de comunidade, é isso que me deixa confiante”, destacou.

O líder da bancada da AfD, Alexander Gauland, criticou o novo lockdown, afirmando que a população não tem como suportá-lo, e disse que a Alemanha está sendo governada por um gabinete de guerra e que o país vive uma “ditadura do coronavírus”.

O presidente do Partido Liberal (FDP), Christian Lindner, criticou a tomada de decisões pelo governo e pelos governadores, afirmando que o Parlamento foi posto de lado, o que, segundo ele, ameaça a democracia parlamentar no país. (Com agências internacionais)

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