Investigação sobre ataques aos computadores do TSE pode mandar escória do bolsonarismo para a cadeia

 
Quando os computadores do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sofreram o primeiro ataque de hackers, na última semana de outubro, o Palácio do Planalto, com o apoio do setor de inteligência, já tinha um panorama antecipado do que aconteceria nas eleições municipais, cujos resultados podem ser resumidos em uma frase: “Fora Bolsonaro!”.

Incrédulo diante do que lhe foi informado e apostando em um cacife eleitoral carcomido, Jair Bolsonaro insistiu em apoiar alguns candidatos, acreditando em uma mudança de cenário que não aconteceu. Mesmo assim, a milícia digital entrou em ação, adotando práticas criminosas de toda ordem. Desde investidas contra sites de notícias, como é o caso do UCHO.INFO, até os ataques aos computadores do TSE. Em ambas as situações prevaleceu o ataque tecnicamente conhecido como DDOS, que consiste em negação de serviço a partir de enxurrada de acessos simultâneos operados por robôs.

A decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que impôs ao blogueiro bolsonarista Oswaldo Eustáquio prisão domiciliar e uso de tornezeleira eletrônica por ter violado determinações anteriores no âmbito do inquérito dos atos antidemocráticos, mostra que o ataque aos computadores do TSE foi uma operação coordenada, cujo cardápio principal é desacreditar a Justiça Eleitoral com vistas às eleições de 2022, quando Jair Bolsonaro tentará a reeleição.

Eustáquio é investigado juntamente com o blogueiro Allan dos Santos e a extremista Sara Winter no inquérito que apura esquema de organização e financiamento de atos em defesa da ditadura militar e a favor do fechamento do Congresso Nacional e do STF.

Quando ocorre um ataque DDOS, a melhor saída, a depender do porte e da capacidade do equipamento, é apartar o servidor para garantir a preservação do banco de dados. É o que fazemos quando o UCHO.INFO é alvo de ataques de terroristas cibernéticos contratados por quem discorda do nosso jornalismo.

Não obstante, logo em seguida, Bolsonaro questionou a confiabilidade das urnas eletrônicas e do processo de apuração dos votos, que neste ano sofreu atraso em razão dos ataques cibernéticos e pela sugestão da Polícia Federal de centralizar a divulgação dos resultados das eleições no TSE. Também participaram da “gritaria” contra o TSE muitos bolsonaristas e alguns candidatos apoiados pelo presidente da República e que tropeçaram nas urnas eleitorais.

Enquanto a cúpula do bolsonarismo ensaia uma falsa autocrítica, como já noticiamos, o serviço sujo fica sob a responsabilidade do segundo escalão da turba e por milicianos digitais que não desistem de causar confusões das mais variadas na rede mundial de computadores.

 
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Presidente do TSE, o ministro Luís Roberto Barroso associou, de forma intrínseca, os ataques aos computadores da Corte Eleitoral ao inquérito que tramita no Supremo e apura os atos antidemocráticos. Em outras palavras, as digitais encontradas nos ataques perpetrados pelos hackers levam aos baderneiros de plantão que defendem o fim da democracia e o fechamento de Poderes constituídos, apenas porque Bolsonaro, em sua saga totalitarista, não pode ser contrariado.

“Milícias digitais entraram imediatamente em ação tentando desacreditar o sistema. Há suspeita de articulação de grupos extremistas que se empenham em desacreditar as instituições, clamam pela volta da ditadura e muitos deles são investigados pelo STF “, disse Barroso em entrevista coletiva.

Relatório produzido pela SaferNet, que atua conjuntamente com o Ministério Público Federal, apontou que perfis bolsonaristas e ligados a movimentos de extrema-direita foram os que mais repercutiram informações falsas e enganosas sobre a lisura e confiabilidade do processo eleitoral. As análises da SaferNet foram entregues ao MPF e à PF, que está investigando o ataque aos computadores do TSE.

Voltando a Eustáquio… O blogueiro afirmou, após receber policiais federais em sua residência, em Brasília, que recorrerá às instâncias internacionais por conta do que considerou violação de direitos.

“Sinto os meus direitos humanos extremamente violados”, disse Oswaldo Eustáquio, que pretende à Corte Interamericana de Direitos Humanos sob a alegação de que o Estado brasileiro descumpre o Pacto de San José da Costa Rica ao violar “o direito de manifestação de um jornalista em cumprimento da profissão”.

É preciso ressaltar que “direito de manifestação de um jornalista” não pode ser confundido com a divulgação de notícias falsas nem com a imputação de supostos crimes a quem não os cometeu. Esse comportamento está a anos-luz do bom jornalismo, que pode ser crítico, mas jamais deve fugir da verdade e atropelar a ética. Há enorme diferença entre jornalismo profissional e proxenetismo no campo da (falsa) informação. E esse senhor ainda compreendeu essa diferença ou não está disposto a compreender.

Eustáquio acabou em prisão domiciliar porque Guilherme Boulos, candidato do PSOL à Prefeitura de São Paulo, recorreu à Justiça Eleitoral para que fossem retirados da internet vídeos com informações falsas sobre crimes que ele não cometeu. Foi a partir da determinação da Justiça Eleitoral em São Paulo para que os vídeos fossem removidos que o caso chegou ao Supremo, mais precisamente ao gabinete do ministro Alexandre de Moraes.

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