O discurso do não

(*) Gisele Leite

Os negacionistas são mesmo incríveis, ou então, apenas analfabetos funcionais. Pois negam a existência do vírus, particularmente o coronavírus.

Negam que terra seja arredondada achatada nos polos, são terraplanistas. O modelo mais exato para expressar a forma da Terra é o geoide, ou seja, um formato quase esférico, mas com diversas deformações, diferenças de gravidade em vários de seus pontos e acúmulo de massa de maneira irregular ao longo de seu volume total.

Negam a existência de preconceito e racismo estrutural no Brasil. Sinceramente, inclino-me a ser negacionista, pois não possuímos realmente um governo brasileiro.

Quem está no poder, e infelizmente, fora eleito para tanto, é um sujeito despreparado, resultante do fisiologismo político, e pasmem, nem sabe ao certo o que é ser daltônico.

Na visão do daltônico, enxerga são tons de marrom, verde ou cinza. Porém, vai variar conforme a quantidade de pigmentos do objeto focado. A tendência é que o verde pareça vermelho, no tipo sépia.

Portanto, o daltônico não vê todas as cores e tons da mesma forma. A crassa ignorância do atual presidente é constrangedora. Verifica-se que existem algumas situações que comprovam a existência, e pior, a persistência do racismo brasileiro. Precisamos reconhecer sua existência para combatê-lo.

Vários fatores comprovam a existência do racismo no Brasil. Primeiramente, a baixa quantidade de líderes políticos negros. Apesar de existirem senadoras como a Benedita da Silva (RJ) e Leci Brandão (SP), mas são minoria. Em 2014 constata-se apenas três por cento dos eleitos se declaram negros, conforme aponta a pesquisa da Revista Congresso em Foco.

Ainda segundo o censo populacional do IBGE, a população é composta por quase quarenta e seis por cento de pretos e partos. Mas, tal censo é autodeclaratório, ou seja, praticamente metade da população, não se enxerga coo sendo branca. Outro fator, nos remete ao questionamento: quantos pesquisadores negros, você conhece?

Bem, isso evidencia que existem menores incentivos e oportunidades para pessoas negras e pardas ingressarem não apenas no ensino superior, mas igualmente, em programas de pós-graduação, mestrado e doutorado.

Exatamente a falta de alunos, pesquisadores e professores negros nos quadros públicos federais contribui para a Lei Nacional de Cotas, a Lei 12.711/2012 que estabeleceu a obrigatoriedade de reserva de, no mínimo, cinquenta por cento das vagas de universidades federais e para estudantes que tenham cursado a integralidade do ensino médio em instituições públicas de ensino. Trata-se de uma forma de adequação à realidade social e etnográfica os meios de acesso ao ensino superior público no Brasil.

Quem participa das redes sociais tais como Facebook e Twitter provavelmente já se deparou com diversos debates e postagens de conteúdo ofensivos e discriminatórios.

E, por serem online, os ofensores acreditam que estão livres de responsabilização criminal e cível por tais ações, mas isso não é verdade.

Um caso famoso de injúria racial foi sofrido pela apresentadora de TV (Globo) Maria Júlia Coutinho (Majú) em 2015 que evidenciou tal fato.

O mesmo ocorrera em relação à filha do casal de atores Bruno Gagliasso e Giovanna Ewbank. Titi fora alvo de vários comentários racistas em postagens do casal de atores, o que acarretou uma queixa crime no Rio de Janeiro em 2016. Precisamos alterar essa realidade, através de alteridade e empatia.

O dia 20 de novembro é o dia da consciência humana que reconhece a dignidade da pessoa humana em todos, independentemente de cor, etnia, credo, classe social ou nacionalidade.

A propósito, juridicamente, a responsabilidade civil do Carrefour no homicídio ocorrido no seu estacionamento pela atuação truculenta no estacionamento é absolutamente evidente.

Afinal, para corroborar o discurso do Não, nego a existência real de um governo brasileiro eleito decente, portanto, vivemos numa total anarquia e dispersão. O que nos remete a uma infelicidade insólita e a uma bipolaridade insana diante de um grave momento de crise sanitária como a pandemia do Covid-19.

(*) Gisele Leite – Mestre e Doutora em Direito, é professora universitária.

As informações e opiniões contidas no texto são de responsabilidade exclusiva do autor, não refletindo obrigatoriamente o pensamento e a linha editorial deste site de notícias.

Se você chegou até aqui é porque tem interesse em jornalismo profissional, responsável e independente. Assim é o jornalismo do UCHO.INFO, que nos últimos 20 anos teve participação importante em momentos decisivos do País. Não temos preferência política ou partidária, apenas um compromisso inviolável com a ética e a verdade dos fatos. Nossas análises políticas, que compõem as matérias jornalísticas, são balizadas e certeiras. Isso é fruto da experiência de décadas do nosso editor em jornalismo político e investigativo. Além disso, nosso time de articulistas é de primeiríssima qualidade. Para seguir adiante e continuar defendendo a democracia, os direitos do cidadão e ajudando o Brasil a mudar, o UCHO.INFO precisa da sua contribuição mensal. Desse modo conseguiremos manter a independência e melhorar cada vez mais a qualidade de um jornalismo que conquistou a confiança e o respeito de muitos. Clique e contribua agora através do PayPal. É rápido e seguro! Nós, do UCHO.INFO, agradecemos por seu apoio.