A imprensa francesa tem dado destaque ao assassinato de João Alberto Silveira Freitas, um homem negro de 40 anos, conhecido como Beto Freitas, em uma unidade da rede de supermercados francesa Carrefour em Porto Alegre.
Beto Freitas foi espancado e morto por dois seguranças do Carrefour, enquanto uma fiscal do supermercado acompanhava a cena e tentava afastar testemunhas.
O jornal “Le Monde” destacou que o Carrefour está sendo chamado de assassino “em todo o Brasil”. O tabloide francês observou que a flecha vermelha que forma o logotipo da rede se transformou, “nas faixas dos manifestantes e nas postagens online”, em uma poça de sangue.
O grupo empresarial francês encontra-se em meio a uma tormenta no Brasil após a morte de João Alberto Silveira Freitas, ressalta o jornal.
O “Le Monde” destacou também que uma petição online, com mais de 16 mil assinaturas, defende o boicote à rede francesa, e que, em Porto Alegre, associações pediram o fechamento da unidade do bairro Passo D’Areia, onde Beto Freitas foi morto.
“Todos os dias, a imprensa noticia novos ‘escândalos do Carrefour’, revelando um lado sombrio do grupo no Brasil: atos cotidianos de racismo, espancamento de negros, casos de tortura e até acusações de estupro cometidos por agentes de segurança, que são comparados a verdadeiras ‘milícias’ a serviço dos brancos”, enfatiza o jornal, em matéria impressa publicada nesta quinta-feira (25), destacando outros incidentes que envolveram seguranças do Carrefour no passado.
O jornal “Libération” escreveu, em matéria publicada no último domingo em seu site, que “o Brasil tem agora o seu George Floyd”, acrescentando que “as imagens das câmeras de vigilância são insuportáveis”.
“Além desse caso, o Carrefour já vinha colecionando polêmicas. Em agosto, o funcionário terceirizado morreu entre as prateleiras de uma loja no Recife. Em vez de fechar o local, seu corpo foi simplesmente coberto por guarda-chuvas, e a atividade na loja continuou por várias horas. Em 2018, um segurança matou um cachorro com uma barra de metal, novamente provocando indignação”, publicou o jornal na última semana.
O diário citou ainda a filósofa afrobrasileira Djamila Ribeiro para afirmar que, no Brasil, a violência contra os negros é “vista como natural” e escreveu que “os negros são as principais vítimas da violência policial e dos homicídios no país”.
O “Le Figaro”, por sua vez, destacou nesta quarta-feira que a fiscal do supermercado, que aparece num “vídeo chocante”, foi detida pela polícia, que justificou a detenção afirmando que ela é uma possível coautora do assassinato por ter autoridade sobre os seguranças que espancaram Beto Freitas. (Com agências internacionais)
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