Crente que é “dono” do Brasil, Bolsonaro informa ao STF que abre mão de depor no caso de interferência na PF

 
Presidente da República, Jair Bolsonaro continua acreditando ser dono do País, o que em tese absurda lhe conferiria o poder de agir ao bel prazer e ao arrepio da lei, como se o Brasil fosse um reles “puxadinho” do quartel da esquina.

Investigado por suposta tentativa de interferência no comando da Polícia Federal, assunto que veio à tona na fatídica reunião ministerial de 22 de abril, no Palácio do Planalto, e foi confirmado na esteira do pedido de demissão do então ministro Sérgio Moro (Justiça), Bolsonaro decidiu não depor no inquérito que apura o caso.

A decisão foi comunicada nesta quinta-feira (26) ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo advogado-geral da União, José Levi do Amaral Júnior. “O peticionante [Bolsonaro] vem, respeitosamente, à presença de V.Exa., declinar do meio de defesa que lhe foi oportunizado unicamente por meio presencial”, afirmou Levi em petição.

A palavra final sobre a tomada do depoimento, contudo, cabe ao relator do inquérito, ministro Alexandre de Moraes, que pode determinar a realização da oitiva, inclusive de forma presencial. Como investigado, Bolsonaro pode faltar ao depoimento. Ou seja, o presidente quer antecipar etapas, supondo que a legislação vigente do País pode ser atropelada apenas porque sua essência totalitarista fugiu ao controle.

 
Ora, se Bolsonaro alega que não houve de sua parte qualquer tentativa de interferir na PF, mesmo da fracassada tentativa de nomear Alexandre Ramagem – amigo da família – ao comando da corporação, abrir mão do depoimento é no mínimo estranho.

O referido inquérito foi aberto no Supremo para apurar as acusações de Sérgio Moro de que o presidente tentou interferir na PF com o objetivo de proteger familiares (leia-se filhos), amigos próximos e aliados políticos.

O advogado Rodrigo Sánchez Rios, que representa Moro no caso, afirmou em nota ter recebido com surpresa a decisão do presidente da República de não depor. “A negativa de prestar esclarecimentos, por escrito ou presencialmente, surge sem justificativa aparente e contrasta com os elementos reunidos pela investigação, que demandam explicação por parte do presidente da República”, afirmou Rios.

Para quem afirmou durante a corrida presidencial de 2018 que se eleito adotaria nova forma de governar, Jair Bolsonaro é a personificação do escárnio. É preciso que a parcela de bem da sociedade reaja com firmeza e rapidez, antes que o Brasil mergulhe de vez nas escuras águas do retrocesso e do autoritarismo, que avança de forma preocupante e sem cerimônia.

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