Dória provocou Bolsonaro no campo da vacinação contra Covid-19, obrigando o presidente a agir

 
Goste-se ou não do governador João Dória Júnior (PSDB), de São Paulo, é preciso reconhecer que ter provocado o governo federal no campo da vacina contra a Covid-19 foi imprescindível para que o presidente Jair Bolsonaro deixasse para trás a fantasia de “Napoleão de hospício” e passasse a agir, mesmo que movido por interesses político-eleitorais.

Sabem os leitores que não temos político de estimação, assim como não nutrimos a mais rasa dose de simpatia por Dória, um dos destacados embustes da política nacional, mas reconhecemos que o governador paulista fez um enorme bem ao País provocando Bolsonaro no campo da vacinação contra o novo coronavírus.

Depois que Dória cobrou de forma incisiva e contundente o ministro Eduardo Pazuello uma resposta sobre eventual compra da Coronavac, imunizante desenvolvido pela farmacêutica chinesa Sinovac e produzido pelo Instituto Butantan, presidente deu ordens ao titular do Ministério da Saúde para que reagisse imediatamente.

Pazuello, nos últimos dias, mudo de discurso pelo três vezes, com o objetivo de minimizar o emparedamento político que o governador paulista impôs a Bolsonaro, que não pretende ver seu projeto de reeleição ir pelos ares.

O ministro da Saúde, que em reunião com governadores afirmou que a vacinação contra a Covid-19 começaria apenas em março, mudou a oratória e afirmou que a imunização emergencial pode ter início ainda em dezembro, desde que as vacinas tenham autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que, segundo o ministro, pode demorar até sessenta dias para liberar o fármaco.

“O uso emergencial pode acontecer agora em dezembro, em hipótese, se nós fecharmos o contrato com a Pfizer. O ‘se’ é porque o contrato está sendo fechado. Desculpa o gerúndio. Se a Pfizer conseguir autorização emergencial e se a Pfizer nos adiantar alguma entrega, isso pode acontecer em janeiro, final de dezembro”, disse o ministro.

“Isso em doses pequenas, em quantidade pequenas, que são de uso emergencial. Isso pode acontecer com a Pfizer, pode acontecer com o Butantan, com a AstraZeneca, mas isso aí é foro íntimo da desenvolvedora. Não é uma campanha de vacinação”, completou.

 
A dificuldade do governo Bolsonaro de lidar com o tema avança sem cerimônia sobre a seara da irresponsabilidade genocida, já que no Brasil morrem 600 pessoas por dia, em média, por causa da pandemia do novo coronavírus.

Politizar a pandemia e a vacinação é algo que os brasileiros não podem aceitar passivamente, devendo protestar de forma dura contra um governo pífio, despreparado e perdido. É fato que Bolsonaro e Dória tentam tirar proveito político da vacina contra a Covid-19, mas além de repudiar esse posicionamento torpe dos governantes é preciso priorizar a vida e a saúde de cada cidadão.

Com a última fase de testes da vacina da farmacêutica AstraZeneca, desenvolvida em parceria com a Universidade de Oxford, passando por checagem em virtude em erro de dosagem em uma das imunizações, ao governo Bolsonaro restou negociar com a Pfizer, cujo imunizante foi desenvolvido em conjunto com a alemã BioNTech. O problema da vacina da Pfizer está na necessidade de se manter o produto em temperatura de -70º C, devendo ser utilizada em no máximo seis horas após sair da rede fria.

Considerando que o Brasil é um país eminentemente tropical – estamos a poucos dias do início do verão – e a logística em território com dimensões continentais é sempre mais complexa, o anúncio de Eduardo Pazuello serve apenas para colocar água fria no flamejante caldeirão político.

Até recentemente, Bolsonaro, que classificou a Covid-19 como “gripezinha”, “resfriadinho” e coisa de “marica” e “frouxo”, era contra a vacinação obrigatória, agora imunizar a população passou a ser condição imperiosa. Néscio e ciclotímico, Jair Bolsonaro é, sem sombra de dúvidas, o pior presidente da história do País.

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