Deputado pede que MP investigue negócios de Renan Bolsonaro e possível tráfico de influência

 
O deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) protocolou nesta quinta-feira (10) manifestação à Procuradoria da República no Distrito Federal solicitando que seja apurada a eventual prática de crime de tráfico de influência e de lavagem de dinheiro por Jair Renan Bolsonaro, 22 anos, filho do presidente Jair Bolsonaro.

O parlamentar argumenta que uma empresa recém-criada por Renan, a Bolsonaro Jr Eventos e Mídia, vem recebendo doações de companhias que serviriam para dissimular o pagamento pelo uso de sua influência junto ao pai em busca de acesso e decisões favoráveis do governo federal.

O jornal “Folha de S.Paulo” revelou que a produtora de conteúdo Astronauta Filmes, que tem contratos com o governo federal que renderam R$ 1,4 milhão neste ano, fez gratuitamente o registro em foto e vídeo da festa de inauguração da empresa de Renan, em outubro, em um camarote do estádio Mané Garrincha, em Brasília.

A Astronauta Filmes já produziu neste ano vídeos para os ministérios da Saúde, da Educação e do Turismo, e para o programa Prática Voluntária, coordenado pela primeira-dama Michelle Bolsonaro. Ao jornal, a empresa disse que prestou o serviço gratuitamente à Bolsonaro Jr Eventos e Mídia em troca da divulgação da sua marca.

De acordo com reportagem da revista Veja publicada em 29 de novembro, o escritório da empresa de Renan também teria sido montado com móveis e peças de decorações doados por patrocinadores interessados em ter uma boa relação com o filho do presidente.

Casas de pedra

Na última quinta-feira (3), Valente já havia protocolado uma representação à Procuradoria da República no Distrito Federal pedindo a instauração de procedimento para apurar eventual prática de crime de tráfico de influência e de lavagem de dinheiro em outro caso ligado a Renan, revelado pela revista Veja.

Em 27 de novembro, a publicação mostrou que Renan, em busca de parcerias para sua empresa, reuniu-se com empresários capixabas em Vitória, em setembro. Segundo a revista, esse grupo posteriormente doou um carro elétrico à empresa de Renan.

 
Um dos empresários presentes nesse encontro, do setor de granitos e mármores, queria apresentar ao governo federal um projeto para construção de casas populares de pedras, que segundo ele levaria à economia de recursos públicos. E conseguiu o que queria.

Em 13 de novembro, John Lucas Thomazini, presidente da Gramazini Granitos e Mármores, foi recebido pelo ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, acompanhado por Renan e Joel Fonseca, assessor especial do presidente da República. Marinho é responsável pelo programa Minha Casa Minha Vida, entre outras iniciativas do governo no setor de habitação.

À revista, Thomazini afirmou que Renan foi o responsável por apresentar seu projeto ao presidente Bolsonaro, que então o encaminhou ao Ministério do Desenvolvimento Regional.

Para o deputado Ivan Valente, “a empresa de Renan Bolsonaro tem atuado abertamente para usar sua influência como filho do presidente da República para favorecer interesses privados junto ao governo federal”.

Segundo o Código Penal, é crime de tráfico de influência “solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função”.

A lavagem de dinheiro, segundo a representação de Valente, ocorreria por meio dos patrocínios recebidos pela empresa do filho do presidente, que teriam o objetivo de “dissimular o pagamento a Renan Bolsonaro pela influência exercida ou que irá exercer junto ao governo federal para favorecimento dos interesses empresariais”.

À Folha, Renan não se manifestou sobre a gravação da inauguração de sua empresa pela Astronauta Filmes, e o Palácio do Planalto declarou que “a Secretaria Especial de Comunicação Social não tem contrato com a referida empresa [Astronauta Filmes]”. (Com agências de notícias)

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