Escândalo envolvendo Bolsonaro, o filho Flávio e a Abin é motivo para impeachment do presidente

 
Assim que assumiu a Presidência da República, a exemplo do que prometera durante a campanha eleitoral, Jair Bolsonaro disse que governaria de maneira diferente, além de ter condenado o que chamou de “velha política”. Contudo, os incautos não perceberam – ou fingiram não perceber – que Bolsonaro é um fiel representante do que há de pior na política nacional.

O mais recente escândalo envolvendo Bolsonaro e sua família mostra de maneira clara e inequívoca que é passada a hora de conter um governante ignaro, incompetente e fã do autoritarismo. O episódio que tem a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e o senador Flávio Bolsonaro é caso para qualquer cidadão requerer o impeachment do presidente da República, cabendo à Câmara dos Deputados autorizar o trâmite do processo.

Como revelou o jornalista Guilherme Amado, da revista Época, a Abin produziu pelo menos dois relatórios com orientações para Flávio Bolsonaro e seus advogados sobre o como proceder para obter documentos que permitissem embasar pedido de anulação do caso das malfadadas “rachadinhas”, esquema criminoso operado pelo ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz.

Em ambos os relatórios, cuja autenticidade e procedência foram confirmadas pela defesa do senador, a Abin detalha o funcionamento de suposta organização criminosa que age na Receita Federal, que, segundo suspeitam os advogados de Flávio, teria feito uma varredura ilegal em seus dados fiscais para fornecer o relatório que gerou o inquérito das “rachadinhas”.

Enviados em setembro para Flávio Bolsonaro e repassados pelo senador a seus advogados, os documentos derrubam versão do general Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, que afirmou publicamente que não teria ocorrido atuação da Inteligência do governo após a defesa do senador levar a denúncia a Jair Bolsonaro, a ele próprio [Heleno] e a Alexandre Ramagem, diretor da Abin, em 25 de agosto.

 
Um dos documentos é didático e detalha o objetivo da “arapongagem”. Em campo intitulado “Finalidade”, o documento cita: “Defender FB no caso Alerj demonstrando a nulidade processual resultante de acessos imotivados aos dados fiscais de FB”. Os dois documentos foram enviados por WhatsApp para Flávio Bolsonaro, que por sua vez repassou à advogada Luciana Pires. O filho do presidente da República é investigado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) por peculato, lavagem de dinheiro e liderado uma organização criminosa.

Em nota divulgada nesta sexta-feira (11), o GSI afirma “que não realizou qualquer ação decorrente, por entender que, dentro das suas atribuições legais, não lhe competia qualquer providência a respeito do tema”.

“As acusações são desprovidas de veracidade, se valem de falsas narrativas e abordam supostos documentos, que não foram produzidos pela Agência Brasileira de Inteligência”, completa a nota.

Ora, se a autenticidade e a veracidade dos documentos em questão foram confirmadas pela defesa de Flávio Bolsonaro, a nota do GSI, escandalosamente mentirosa, é mais um motivo para que o Parlamento acione o sinal verde para um processo de impeachment contra Jair Bolsonaro. Aliás, parados na escrivaninha do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, existem pelo menos 56 pedidos de impeachment contra Bolsonaro.

Não obstante, faz-se necessário lembrar que o Senado Federal tem o dever de abrir processo no Conselho de Ética para investigar a postura de Flávio Bolsonaro, com direito, inclusive, à cassação de mandato. Considerando que o proxenetismo político que devora o Brasil fala mais alto, o caso corre o risco de sequer ser analisado.

Em qualquer país minimamente sério e com autoridades imbuídas da necessária dose de coragem, o governo teria ido pelos ares e Bolsonaro já estaria arrumando as gavetas para retornar ao Rio de Janeiro, pois o uso da máquina estatal e do serviço de inteligência do governo em favor da família presidencial é crime. Como o Brasil tornou-se o paraíso do faz de conta, não causará surpresa se o escândalo em questão for varrido para debaixo da alcatifa palaciana.

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