Nada pode ser mais nocivo a uma nação do que um populista desbaratado e movido pelo revanchismo político-ideológico. Esse é o caso de Jair Messias Bolsonaro, um despreparado conhecido que faz da Presidência da República uma usina de despautérios.
Nesta terça-feira (15), durante evento na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), na zona oeste da capital paulista, Bolsonaro provocou uma grande aglomeração, como se a pandemia do novo coronavírus não estive em franca escalada, provocando mortes e internações em números assustadores.
Durante o evento de reinauguração da chamada “Torre do Relógio”, que na melhor das hipóteses foi pintada nas cores verde e amarelo, Bolsonaro falou aos trabalhadores locais e afirmou que no seu governo o terreno onde funciona a Ceagesp não será privatizado. O presidente disse que os que defendem a privatização da área são “ratos” cujo interesse é beneficiar amigos.
A fala foi considerada uma provocação ao governador João Dória Júnior (PSDB), que em 2019, ao longo de quase dez meses, tratou com o então Secretário de Desestatização do Ministério da Economia, Salim Mattar, da transferência da Ceagesp para um local às margens do Rodoanel Mário Covas, mudança que desafogaria o complexo trânsito da maior cidade brasileira, já que caminhões transportando alimentos deixariam de circular pela área urbana.
“Estamos desratizando o Brasil e aqui é um ninho de ratos”, disse Bolsonaro. “Para quem fala em privatização, enquanto eu for o presidente da República essa é a casa de vocês. Nenhum rato vai querer privatizar isso aqui para beneficiar seus amigos”, completou.
Em seguida, como se estivesse em um comício, Bolsonaro disparou: “Quando se fala em privatização, quero deixar bem claro. Enquanto eu for presidente da República essa é a casa de vocês. Nenhum rato vai querer sucatear isso aqui para privatizar para os seus amigos. Não tem espaço para isso aqui. Queriam privatizar para o amiguinho se dar bem. Esse amiguinho vai continuar andando com a sua calcinha apertada porque não será privatizado”.
Recentemente, o presidente da República nomeou o ex-comandante da Rota, coronel Ricardo Mello Araújo, para o comando da Ceagesp. De acordo com Bolsonaro, foram banidos do local grupos criminosos que cobravam propina de carregadores e vendedoras de café que atuam na central de abastecimento. “Isso (a cobrança de propina) dava R$ 240 mil por mês não contabilizados que iam para o bolso de algum vagabundo”, afirmou.
Aos fatos… Se há no País alguém sem moral para falar em “desratização”, esse certamente é Jair Bolsonaro, que por temer o avanço de um processo de impeachment no Congresso Nacional atirou-se nos braços do Centrão, o que existe de pior na política brasileira, já que o escambo é a ordem primeira desse grupo que faz do Parlamento a catedral do “toma lá, dá cá”.
Em relação a beneficiar amigos, Bolsonaro também não tem cabedal para condenar tal prática, pois ele próprio, na fatídica reunião ministerial de 22 de abril, no Palácio do Planalto, justificou seu interesse em controlar a Polícia Federal com e necessidade de proteger familiares e amigos.
Além disso, seus filhos têm feito indicações para postos importantes do governo, sem contar o “04”, que recentemente promoveu evento de inauguração de sua empresa, em Brasília, com a ajuda escandalosa de um fornecedor do governo federal. E por razões óbvias o tal fornecedor não cobrou pelos serviços prestados a Jair Renan Bolsonaro, que, segundo o presidente, é o “Don Juan” do condomínio.
No que tange à cobrança de pedágio dos que trabalham na Ceagesp, Bolsonaro poderia deflagrar tal assepsia na seara familiar, até porque o filho Flávio, com a ajuda criminosa de Fabrício Queiroz, cobrava pedágio dos servidores do então gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Sem falar nos inúmeros funcionários fantasmas” do clã presidencial.
No tocante ao fato de Dória usar calças apertadas, o presidente da República mostra seu monumental despreparo para o cargo e uma clara disposição de julgar o próximo pela aparência, atitude que não combina com quem invoca o nome de Deus de forma recorrente. Aliás, se, ao citar o tipo de calça usada pelo governo paulista, Bolsonaro pretendeu ingressar no terreno da intolerância, melhor seria olhar para o próprio rebanho, onde há quem ainda não teve coragem de se assumir.
Quando os brasileiros com massa cinzenta em pleno funcionamento rotulam os apoiadores de Jair Bolsonaro como “gado”, não se trata de zombaria tola, mas de constatação da realidade. Afinal, somente alienados atendem aos comandos decorrentes de um berrante.
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