Covid-19: irresponsabilidade da maioria dos brasileiros e festas de fim de ano levarão o País ao caos

 
No momento em que o isolamento social deveria ser expandido como forma de garantir o controle da pandemia do novo coronavírus, autoridades de todo o País afrouxaram as medidas restritivas, fazendo com que o distanciamento social fosse abandonado pela maioria da população e disparasse o número de casos de Covid-19.

Enquanto a tragédia provocada pelo vírus SARS-CoV-2 continua fazendo vítimas Brasil afora, governantes disputam os dividendos políticos de uma vacina contra a doença, como se nada representasse a vida de cada brasileiro.

Se por um lado o governador de São Paulo, João Dória Júnior (PSDB), trabalha insistentemente para garantir a aprovação da Coronavac, vacina produzida pela farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, o presidente Jair Bolsonaro, agarrado ao negacionismo criminoso e à irresponsabilidade genocida, interfere politicamente no Ministério da Saúde e na Anvisa para evitar que o chefe do Executivo paulista saia à frente.

A segunda onda de Covid-19 – ou outro nome que queiram dar – é evidente e vem fazendo estragos maiores do que no começo da pandemia no Brasil. É fato que agora os profissionais de saúde conhecem mais sobre a doença, mas é importante ressaltar que em breve faltarão leitos nos hospitais para tratar infectados pelo novo coronavírus. Isso fará com que pessoas morram à espera de uma vaga em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs).

A irresponsabilidade da população, em especial dos mais jovens, é tão gritante, que é impossível não prever para breve um cenário de caos generalizado. Muitos dirão que os brasileiros precisam trabalhar, mas é preciso que isso aconteça com o mínimo de segurança a proteção, pois do contrário a tragédia será maior do que se imagina.

Festas, baladas e encontros nas praias têm produzido aglomerações tão impressionantes quanto preocupantes, sem contar as pessoas que, a pretexto das compras natalinas, têm se aglomerado em centros comerciais nas grandes cidades brasileiras. Além disso, o desrespeito às mais básicas regras de proteção contra a Covid-19 – máscara, álcool gel, higienização das mãos e distanciamento social – tem funcionado como propulsor do contágio pelo novo coronavírus.

 
Por certo os brasileiros, em sua maioria, não entenderam que a pandemia ainda não chegou ao fim e que o vírus, mesclado à irresponsabilidade, mata de forma implacável. O melhor exemplo dessa irresponsabilidade está nas taxas de ocupação de hotéis em todo o País, na falta de imóveis para locação em cidades de praia, especialmente no período de festas. Isso significa que no período depois do Natal até meados de janeiro o caos há de instalar no País no rastro da pandemia.

A pneumologista Margareth Dalcomo, pesquisadora da Fiocruz, alertou para esse quadro de grave piora da Covid-19 no Brasil. “O que vai trazer a segunda onda para o Brasil são as festas de Natal e de fim de ano. Teremos o janeiro mais triste da nossa História porque nós falhamos em trazer uma consciência cívica da gravidade do que estamos vivendo”, afirmou Dalcomo durante o debate “E agora Brasil?”, na última semana.

De acordo com a pneumologista, a epidemia do novo coronavírus “mudou de lugar”: saiu das ruas e entrou nas casas, porque os jovens, acreditando serem invulneráveis, passaram a ignorar o isolamento social e levam constantemente o vírus para casa, contaminando pais e avós.

“Lamento, não dá para fazer a festinha de Natal. Pode reunir no máximo seis ou sete pessoas, sob pena de expor nossos entes queridos a um risco que eles não merecem. E não vai ter festa de réveillon, para que nós estejamos vivos para os próximos que virão”, afirmou Margareth Dalcomo.

A confirmar o avanço dessa segunda onda de Covid-19, o Brasil mergulhará novamente um cenário de caos econômico, pois o pagamento do auxílio emergencial cessa em 31 de janeiro, quando termina o estado de calamidade pública. Sem o chamado “orçamento de guerra”, o governo do negacionista Jair Bolsonaro não terá como conter a débâcle econômica e a tragédia social, a não ser que o Congresso Nacional estenda o pagamento do auxílio.

Para piorar um panorama que é sabidamente ruim, Jair Bolsonaro não desiste de politizar a vacinação e “queimará” R$ 250 milhões do suado dinheiro do contribuinte para oferecer à população o “kit-covid”, por meio do programa Farmácia Popular. Serão oferecidos aos incautos medicamentos sem eficácia comprovada no tratamento da Covid-19, como hidroxicloroquina, além da azitromicina.

Com os mesmos R$ 250 milhões o governo conseguiria comprar 13,18 milhões de doses da vacina desenvolvida pela farmacêutica AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford. Considerando que o imunizante em questão exige a aplicação de duas doses, seria possível vacinar 7 milhões de pessoas. Enfim…

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