Após certificar vitória de Biden, Congresso americano trabalha para afastar Donald Trump do cargo

 
Depois da criminosa invasão do Capitólio, em Washington D.C., levada a cabo por extremistas de direita que apoiam o ainda presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o Congresso americano referendou a vitória do democrata Joe Biden, presidente eleito dos Estados Unidos, e de sua vice, Kamala Harris.

A sessão plenária conjunta das duas Casas legislativas – Senado e Câmara dos Representantes – foi retomada na noite de quarta-feira (6) após a saída dos invasores e de uma varredura no local e encerrada depois das 4 horas da manhã desta quinta-feira.

A invasão, que deixou quatro mortos, ocorreu após o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, se recusar a atender um pedido de Trump para não confirmar a vitória de Biden, sob a alegação absurda e infundada de que a eleição presidencial realizada em 3 de novembro passado foi marcada por fraudes. Até o momento, Donald Trump não apresentou uma só prova convincente para embasar suas alegações.

Após a confirmação formal da vitória de Biden, o presidente dos EUA anunciou, por meio de um assessor, que a transição de poder será pacífica, algo que muitos preferem desconfiar, já que o presidente americano é dado a seguidos rompantes de insanidade.

Engana-se quem pensa que chegou ao fim a polêmica que chocou o planeta por causa da inequívoca ameaça à democracia americana. Vencida a tumultuada sessão protocolar que confirmou a vitória de Joe Biden e Kamala Harris, congressistas trabalham de forma acelerada para apear Trump do cargo com base na 25ª Emenda da Constituição estadunidense.

De acordo com a 25ª Emenda da Constituição americana, o presidente pode ser afastado do cargo quando se mostrar incapaz de desempenhar suas funções por doença física ou mental. Diante do fato de Trump ter conclamado seus apoiadores para atos contra o Congresso, que terminou na invasão e depredação do Capitólio, não é errado pensar que o presidente protagoniza comportamento doentio.

 
Fora do cargo

A mencionada emenda precisa ser acionada pelo vice-presidente dos EUA, no caso Mike Pence, com a anuência da maioria dos membros do Gabinete de Trump. Mesmo assim, a ação em questão é passível de contestação por parte do presidente, através de carta endereçada ao Congresso. A remoção permanente do mandatário americano, como prevê a 25ª Emenda, necessita da aprovação de dois terços do Congresso – 67 senadores e 290 deputados.

A situação de Donald Trump é extremamente delicada e pode piorar ainda mais com o persistente discurso de que a eleição presidencial foi fraudada e roubada. Tal declaração, além de impulsionar os adeptos do QAnon, grupo radical de extrema direita movido pela teoria da conspiração e pelo revanchismo ideológico, coloca na “corda bamba” sua permanência na Casa Branca.

Daqui não saio

Apesar de Trump ter anunciado que a transição de poder será ordeira, há quem considere a possibilidade de o presidente dos EUA se recusar a deixar a Casa Branca, o que exigiria a interveniência de agentes da lei, como, por exemplo, militares e agentes do serviço secreto americano, responsável pela segurança do presidente e dos ex-presidentes.

A hipótese de Trump não participar da cerimonia de posse de Biden também é considerada no meio político norte-americano. Em apenas três ocasiões presidentes americanos não participaram da cerimonia de posse dos respectivos sucessores. Foram eles: John Adams (em 1801), John Quincy Adams (em 1829) e Andrew Johnson (em 1869).

Resumindo, se Donald Trump não for afastado do cargo, os dias que faltam para a posse de Biden e Kamala serão imprevisíveis e com possibilidade de fortes emoções, como se viu na quarta-feira no Capitólio. Para uma nação que se jacta de ser a maior democracia do planeta, os Estados Unidos foram palco de uma tentativa de golpe que não prosperou por falta de apoio dos militares.

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