A decisão da gigante americana Ford de encerrar a produção de automóveis no Brasil é uma incontestável prova de que a política econômica comandada pelo ainda ministro Paulo Guedes (Economia) é um fracasso, assim como demonstra que a tão propalada “recuperação em V” não passa de retórica embusteira.
Desde a campanha presidencial de 2018, o UCHO.INFO afirma que Guedes é um teórico conhecido que tropeça no momento de colocar em prática suas ideias, nem sempre alinhadas à realidade. Antes da pandemia do novo coronavírus, o ministro afirmou que a economia brasileira estava “decolando” e em seguida disse que estava em “pleno voo”. Diante dos primeiros estragos promovidos pela Covid-19, Paulo Guedes foi obrigado a desdizer-se. Reconhecendo que sua fala foi marcada pelo ufanismo.
A decisão da Ford foi lamentada por integrantes da cúpula do Ministério da Economia, até porque trata-se de uma empresa que está há 102 anos no Brasil, mas Guedes disse que a saída da montadora do País destoa da “forte recuperação” observada no setor industrial brasileiro.
Paulo Guedes tem o direito de pensar o que bem quiser e externar seu pensamento a qualquer momento, até porque trata-se de direito constitucional, mas não pode induzir a opinião pública a erro. Afirmar que a indústria brasileira está em franca recuperação é fruto de devaneio.
A Ford apenas puxou a fila de um processo que pode custar caro ao País: a debandada de montadoras. Afinal, a falta de empenho do governo na aprovação de reformas econômicas estruturais tem feito o chamado “custo Brasil” permanecer nas alturas, o que inviabiliza qualquer negócio sério e responsável.
Como se não bastasse o delírio de Guedes, o vice-presidente da República, Antônio Hamilton Mourão, disse que a Ford “ganhou bastante dinheiro no Brasil” e poderia ter adiado a decisão.
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“Não é uma notícia boa. Acho que a Ford ganhou bastante dinheiro aqui no Brasil. Me surpreende essa decisão que foi tomada pela empresa. Uma empresa que está no Brasil há praticamente 100 anos. Acho que ela poderia ter retardado isso aí e aguardado, até porque o nosso mercado consumidor é muito maior do que outros”, afirmou Mourão.
O vice-presidente deveria saber que nenhuma empresa pode enfrentar prejuízos em função dos desvarios de um governo perdido e marcado pela incompetência, até porque a Ford, assim como outras grandes companhias, tem acionistas, a quem deve explicações sobre desempenho econômico-financeiro.
Sobre o tamanho do mercado consumidor brasileiro, Hamilton Mourão precisa abandonar o “País de Alice” que reina nos quartéis e se inteirar da realidade econômica do País. Não se pode falar em recuperação econômica ou mercado consumidor em um país em que dois terços da população recebem menos de dois salários mínimos por mês.
Além disso, os efeitos colaterais da pandemia colocaram milhões de brasileiros em situação de penúria, sem contar os que ainda não alcançaram esse cenário de caos, mas revisaram os hábitos de consumo.
Quando o salário mínimo oficial (R$ 1.100,00) equivale a aproximadamente um quinto da remuneração ideal, segundo cálculos do Dieese (R$ 5.300,00), falar em recuperação da economia em “V” ou querer que a Ford continue a ter prejuízos para agradar o governo são declarações irresponsáveis de quem realmente desconhece a realidade nacional.
É importante ressaltar que o presidente Jair Bolsonaro, que vendeu aos incautos brasileiros a falsa ideia de que era o único candidato ao Palácio do Planalto com condições de resolver os problemas do País, fracassou nos campos político e econômico. Isso significa que sem ter o que entregar ao eleitorado, terá de radicalizar acalmar a turba de apoiadores. E isso se dará no vácuo da pauta de costumes, que levará o Brasil ao retrocesso no campo da democracia e dos direitos individuais.
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