Amazonas: com hospitais lotados e sem oxigênio, pacientes de Covid-19 são transferidos para outros estados

 
Em 27 de dezembro, o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), demonstrou frouxidão política ao ceder à pressão de comerciantes locais e liberar o funcionamento de setores considerados não essenciais, que estavam fechados como forma de conter o avanço da pandemia do novo coronavírus no estado.

A medida constava de decreto do Executivo, mas o governador não conseguiu convencer os empresários amazonenses da importância do fechamento. Lima sabia que sua decisão provocaria situação caótica na saúde, algo que se faz presente no estado duas semanas depois.

Nesta quinta-feira (14), ao menos 235 pacientes internados no Amazonas serão levados a outros estados (Goiás, Piauí, Maranhão, Brasília, Paraíba e Rio Grande do Norte) para receber atendimento médico-hospitalar devido ao colapso do sistema público de saúde do Amazonas. O caos na saúde pública é tamanho, que já falta oxigênio nos hospitais e muitos pacientes estão morrendo asfixiados, sem contar os óbitos que têm ocorrido nas residências.

O secretário da Saúde do Amazonas, Marcellus Campêlo, afirmou em pronunciamento nesta quinta-feira que o estado enfrenta crise no abastecimento de oxigênio. Campêlo afirmou que o Ministério da Saúde, o governo do Amazonas e as Forças Armadas trabalham no âmbito logístico para acelerar a entrega de oxigênio às unidades de saúde, inclusive com o transporte do gás a partir de outros estados.

 
“Tivemos um pico de fornecimento e aumento da demanda acima do esperado. Fomos comunicados ontem [quarta-feira] à noite do colapso do plano logístico em relação a algumas entregas, o que causará a interrupção da programação por algumas horas”, afirmou o secretário, referindo-se ao recebimento de oxigênio.

“Fizemos plano de contingência considerando a elevação dos casos, mas a demanda surpreendeu um dos maiores conglomerados de gás do mundo”, afirmou Campêlo, fazendo referência à empresa White Martins.

Capital do Amazonas, Manaus enfrenta dramático aumento no número de casos, internações e mortes por Covid-19. A média móvel de mortes por Covid-19 no estado cresceu 183% nos últimos sete dias.

Diante desse cenário de catástrofe, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, visitou o Amazonas há dias e afirmou que Manaus é “prioridade nacional neste momento”. Mesmo assim, a morosidade do governo na adoção de medidas para salvar os amazonenses chega a ser criminosa.

Se por um lado o governador não tem pulso para manter em vigor um decreto que visava salvar vidas, por outro o presidente Jair Bolsonaro atenta contra os direitos humanos ao tratar a pandemia de Covid-19 com desdém e deboche, como se a doença em questão fosse de fato “gripezinha” ou “resfriadinho”. Bolsonaro não se cansa de recorrer à irresponsabilidade genocida para agradar sua turba de apoiadores.

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