Como se não bastasse a arrasadora ignorância do presidente da República, o vice Antônio Hamilton Mourão não perde uma só chance de expelir os perdigotos da estupidez que se esconde sob uma farda empoeirada e carcomida.
Nesta sexta-feira (15), com a pandemia no novo coronavírus produzindo consideráveis estragos em várias regiões do País, em especial no Amazonas, Mourão minimizou a tragédia com a alegação de que o brasileiro é indisciplinado.
Questionado por jornalistas, o vice-presidente afirmou que medidas restritivas de isolamento social para reduzir o contágio pelo novo coronavírus, como as adotadas por países europeus, não funcionariam teriam bons resultados no Brasil porque a “imposição de disciplina em cima do brasileiro não funciona muito.”
“A questão é que aqui nós não fechamos nunca, né? Essa é a realidade. E aí você tem que entender, vamos dizer assim, a característica do nosso povo. O nosso povo não tem, vamos dizer assim, essa imposição de disciplina em cima do brasileiro não funciona muito. Então a gente tem que saber lidar com essas características e buscar informar a população no sentido de que ela se proteja”, disse Mourão aos jornalistas.
Mourão deveria imbuir-se de coragem e reconhecer que Jair Bolsonaro é o responsável maior pelo caos que vem devastando o Amazonas, pois sem suas declarações insanas e debochadas sobre a pandemia do novo coronavírus e o combate à Covid-19, além do incentivo às aglomerações, a situação certamente seria menos grave.
O vice-presidente foi além com suas estultices e salientou que o governo federal tem ultrapassado as próprias capacidades para socorrer o sistema de saúde da capital amazonense, como se a Constituição não transferisse ao Estado a responsabilidade de fornecer ao cidadão serviço médico-hospitalar em condições condizentes e minimamente dignas.
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“O governo está fazendo além do que pode dentro dos meios que a gente dispõe. Agora, eu já falei aqui para vocês várias vezes a respeito de Amazônia. Na Amazônia as coisas não são simples”, afirmou Mourão.
De acordo com o vice, a localização de Manaus, dentro da floresta amazônica, compromete o envio de suprimentos. Para completar a insana declaração, Mourão destacou problemas de orçamento da Aeronáutica.
“Você só chega lá de barco ou de avião. Qualquer manobra logística para você, de uma hora para outra, aumentar a quantidade de suprimentos lá requer meios que, vamos colocar aí, a Força Aérea até alguns anos atrás tinha, Boeings”, disse Mourão. “Por problemas aí de orçamento, ela (FAB) teve que se desfazer dessas aeronaves”, emendou.
Pelo que se sabe, além do inequívoco desejo de Bolsonaro de militarizar o governo ao máximo, Eduardo Pazuello foi nomeado ministro da Saúde por ser especialista em logística. Se Pazuello, com anunciada expertise, não conseguiu evitar o caos que se instalou em Manaus na seara da pandemia do novo coronavírus, sua demissão ainda não aconteceu por conta da covardia do presidente da República.
Segundo informações, Pazuello sabe há mais de uma semana da situação enfrentada pelo sistema de saúde manauara, mas nada fez para evitar o pior. Atender às demandas dos hospitais da capital amazonense sem apostar na prevenção, tendo o planejamento estratégico como baliza, é sinal despreparo e configura prevaricação.
Se os brasileiros, movidos pela dor das famílias amazonenses, não criarem coragem para exigir que a Câmara dos Deputados autorize ao menos um processo de impeachment de Bolsonaro, em breve o Brasil estará mergulhado em uma ditadura. Ainda dá tempo!
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