Índia afirma que governo Bolsonaro se precipitou ao enviar avião para buscar doses da vacina de Oxford

 
Autoridades da Índia afirmaram na quinta-feira (14) que o Brasil se precipitou ao enviar um avião para recolher 2 milhões de doses da vacina contra a Covid-19 produzida no país.

O governo brasileiro enviou um Airbus A330 que decolou do aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP), rumo a Mumbai. Até a noite de quinta-feira, a aeronave ainda estava no Recife, após fazer uma escala, e deveria partir para o país asiático nesta sexta-feira.

Um porta-voz do Ministério do Exterior indiano afirmou ao jornal “Hindustan Times” que é “cedo demais” para o envio dos lotes da vacina AstraZeneca-Oxford, produzida em parceria pelo Instituto Serum.

Indagado se o Brasil teria prioridade no envio das vacinas, o porta-voz disse que a decisão ainda não havia sido tomada pelas autoridades indianas. “O processo de vacinação está apenas no começo na Índia. É muito cedo para dar uma resposta específica sobre o fornecimento a outros países, porque ainda avaliamos os prazos de produção e de entrega. Isso pode levar tempo”, disse Anurag Srivastava.

Brasil “queimou a largada”, destaca jornal indiano

De acordo com relatos publicados na imprensa indiana, o cronograma para o envio das vacinas para países estrangeiros, incluindo o Brasil, ainda não está concluído. “Parece que o Brasil queimou a largada ao anunciar oficialmente o envio de uma aeronave para transportar dois milhões de doses de vacina”, ressalta reportagem do jornal indiano “Hindustan Times”.

 
Após a fala do porta-voz, o Ministério da Saúde brasileiro afirmou que o governo indiano pediu “um dia a mais” para a entrega dos imunizantes. O motivo, de acordo com o ministério, seria o início da campanha de vacinação na Índia, programada para sábado (16).

No dia 5 de janeiro, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil confirmou a aquisição das doses da vacina de Oxford produzidas na Índia, apesar de o governo indiano ter informado que a exportação do imunizante estava proibida.

O presidente Jair Bolsonaro enviou, em 8 de janeiro, carta ao primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, solicitando urgência no envio das doses de vacina ao Brasil. “O imunizante […] deverá integrar de forma imediata a implementação do nosso Programa Nacional de Imunização”, informaram, em nota conjunta, a Secretaria de Comunicação da Presidência e o Ministério da Saúde.

Na sequência, o Ministério da Saúde afirmou em nota que o Brasil adquiriu as doses do Instituto Serum e que a embaixada brasileira teria feito os preparativos junto às autoridades indianas após a carta enviada por Bolsonaro a Modi.

A declaração mencionava também os planos para distribuir as vacinas aos estados brasileiros dentro de poucos dias, após autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e destacava o êxito na aquisição das doses com exemplo das “excelentes relações” entre os dois países.

Na verdade, considerando que 2 milhões de doses é uma quantidade ínfima se comparada à população brasileira, o que Bolsonaro deseja é um imunizante para chamar de seu e conseguir uma foto da imunização, como forma de fermentar ainda mais a politização do tema que divide com o governo de São Paulo, João Dória Júnior (PSDB).

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