Recentemente, Bolsonaro disse que eleição nos EUA foi fraudada; ontem cumprimentou Joe Biden

 
O presidente Jair Bolsonaro, além de escandalosamente incompetente, é dissimulado. E usa a dissimulação como atalho para se fazer de vítima quando convém. Sempre negando as próprias declarações, o que faz com que sua combalida credibilidade fique ainda mais corroída, Bolsonaro insiste em acreditar que é a derradeira tábua de salvação do planeta.

Como bom populista que é, o presidente abusa das citações religiosas e tenta se passar como messiânico, a reboque de propostas absurdas e antidemocráticas, estratégia que começou a ruir ainda no tempo de Benito Mussolini.

Horas após a posse do democrata Joe Biden na Presidência dos Estados Unidos, Bolsonaro, incomodado com as felicitações endereçadas à Casa Branca pelos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Davi Alcolumbre (DEM-AP), respectivamente, resolveu repetir o gesto.

Bolsonaro enviou carta a Joe Biden felicitando-o pela posse, não sem antes destacar a “visão de um excelente futuro para a parceria Brasil-EUA”. Depois de dois anos de sabujice explícita a Donald Trump, que nada rendeu ao Brasil, e o fato de até recentemente afirmar que a eleição presidencial norte-americana foi fraudada, Bolsonaro consegue impor aos brasileiros de bem um novo vexame.

Informado de que está isolado no cenário internacional, onde o Brasil é considerado um pária no campo da diplomacia e das relações entre países, Jair Bolsonaro continua acreditando que o planeta deve se curvar aos seus pés, apesar de na quarta-feira (20) ter afirmado que reconhece não ser “um excelente presidente”.

“Não vou dizer que sou um excelente presidente, mas tem muita gente querendo voltar o que eram os anteriores, reparou? É impressionante, estão com saudades de uma […]”, disse Bolsonaro aos apoiadores, sem completar a frase.

Voltando a Biden… Em sua conta no Twitter, o presidente brasileiro afirmou que a relação entre o Brasil e os Estados Unidos é “longa e sólida” e está baseada em “valores elevados, como a defesa da democracia e das liberdades individuais”. “Sigo empenhado e pronto para trabalhar pela prosperidade de nossas nações e o bem-estar de nossos cidadãos”, escreveu.

 
Bolsonaro avançou na dissimulação afirmando ser “grande admirador dos Estados Unidos” e que, desde de que chegou ao Palácio do Planalto, passou a “corrigir” o que chamou de “equívocos de governos brasileiros anteriores”, que, segundo ele, “afastaram o Brasil dos EUA”.

Se há no planeta quem não pode falar em democracia, esse certamente é Jair Messias Bolsonaro, que para manter-se no poder e levar adiante seu projeto totalitarista não se intimida ao ameaçar, com insinuações de possível golpe militar, as instituições da República, o Estado de Direito e a liberdade do cidadão.

No que tange à relação com o novo governo dos EUA, Bolsonaro passará por alguns vexames até conseguir ser ouvido por Joe Biden, que por meio de sua porta-voz já avisou, logo no primeiro dia de mandato, que a vez do Brasil ainda está longe. Isso porque Biden conversou, na quarta-feira, com vários líderes globais, mas sequer ousou citar o nome de Bolsonaro a assessores incumbidos dos contatos.

A bizarra carta a Biden foi além, para vergonha dos brasileiros. Em determinado trecho, menciona as relações bilaterais entre ambos os países, nos setores econômico, tecnológico e do desenvolvimento sustentável, não sem antes citar mudanças climáticas, proteção ambiental e a Amazônia.

“Estamos prontos, ademais, a continuar nossa parceria em prol do desenvolvimento sustentável e da proteção do meio ambiente, em especial a Amazônia, com base em nosso Diálogo Ambiental, recém-inaugurado. Noto, a propósito, que o Brasil demonstrou compromisso com o Acordo de Paris com a apresentação de suas novas metas nacionais”, escreveu Bolsonaro.

O documento enviado a Joe Biden é uma antítese do que vem fazendo o governo brasileiro em todos os campos citados. Ciente de que a relação com os EUA na seara ambiental será dura e espinhosa, Bolsonaro tenta de chofre amainar o cenário, que na outra ponta terá um governante que durante a campanha se comprometeu com a proteção do meio ambiente.

Somente um néscio é capaz de destacar defender pautas ambientalistas após os incêndios que devoraram parte da Amazônia e do Pantanal, sem contar a estupidez e as falácias do ministro Ricardo Salles, do Meio Ambiente. Em suma, o Brasil não pode perder mais tempo discutindo se o impeachment é possível e necessário.

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