Nos últimos dois anos, o presidente Jair Bolsonaro ficou em posição genuflexa diante da Casa Branca para agradar o descontrolado e bufão Donald Trump, agora ex-presidente dos Estados Unidos. Enquanto isso, a diplomacia brasileira ia ladeira abaixo, derretendo relações internacionais construída durante décadas e com muito esforço.
Com Trump fora da cena política, Bolsonaro está isolado no âmbito internacional e começa a enxergar no horizonte uma possibilidade crescente de ser alvo de processo de impeachment. Para tentar conter uma quase iminente derrocada política, o presidente coloca-se de joelhos diante da China e da Índia, como forma de não interromper o processo de vacinação contra a Covid-19 no Brasil.
Inepto, algo que já reconheceu publicamente, mas acreditando que é o último dos gênios, Bolsonaro agora sai ao mercado de vacinas como o cidadão que vai à feira nos seus derradeiros momentos em busca de pechinchas, o que não é o caso na seara da imunização.
A ordem reinante no Palácio do Planalto é comprar insumos para a produção de vacinas onde houver disponibilidade, mas é preciso ressaltar que o planeta agiu cm muita antecedência na aquisição de vacinas e seus ingredientes, enquanto o Brasil, vítima da soberba bolsonarista, permanecia estagnado no final da fila.
Os “coices” diplomáticos disparados pelo ministro Ernesto Araújo, das Relações Exteriores, e do próprio presidente da República agora colocam o País em situação de extrema dificuldade no campo da vacinação contra a Covid-19.
No caso da China, que continua retendo a exportação dos Insumos Farmacêuticos Ativos (IFAs) para a produção, em território brasileiro, da Coronavac (Sinovac/Butantan) e da Covishield (AstraZeneca/Oxford), os ataques ao gigante asiático por parte do governo Bolsonaro começam a apresentar seus efeitos colaterais.
No tocante à Índia, a falta de discrição do governo na operação para recolher 2 milhões de doses da Covishield, produzidas pelo laboratório Serum, e a falta de apoio à proposta de Nova Délhi para quebrar a patente de insumos necessários para a fabricação de imunizantes contra o novo coronavírus também pesam contra o Brasil.
O fracasso do governo Bolsonaro no campo das vacinas é fruo da incompetência dos ainda ministros Eduardo Pazuello (Saúde) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores), que insistem em enganar o povo com declarações absurdas e sem qualquer nesga de verdade. Pazuello afirma que em fevereiro o Brasil receberá uma avalanche de propostas para compra de vacinas, ao passo que Araújo nega que questões político-diplomáticas travam a importação de insumos da China e de vacinas da Índia.
O desespero que ronda a sede do governo é tamanho, que Bolsonaro colocou a ministra Tereza Cristina (Agricultura) para negociar com o embaixador chinês no Brasil, como se essa estratégia tosca e amadora pudesse funcionar. Em outra ponta, o ministro Marcos Pontes (Ciência, Tecnologia e Inovação) foi escalado pelo presidente para desenvolver uma “vacina brasileira”.
O governo da Índia anunciou que deve iniciar na sexta-feira (22) o envio de 2 milhões de doses da Covishield ao Brasil, porém é necessário ressaltar que essa quantidade de vacinas é insignificante se considerado o fato de que o Brasil precisa de aproximadamente 320 milhões de doses. A produção da vacina da AstraZeneca (Covishield) pela Fiocruz depende de insumos fabricados na China.
Como informamos em matéria anterior, a demora na vacinação contra a Covid-19 comprometerá sobremaneira a anunciada retomada da economia. Como a imunização contra o novo coronavírus não deve ser concluída antes do segundo trimestre de 2022, o brasileiro que se prepare para uma nova onda de dias difíceis.
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