Descontrolado e desclassificado, Bolsonaro diz que leite condensado é para “enfiar no rabo da imprensa”

 
Desde a campanha eleitoral de 2018, o UCHO.INFO afirma que Jair Bolsonaro é incompetente e desprovido de estofo para cargo de tamanha responsabilidade e relevância, como a Presidência da República. Além disso, em diversas ocasiões ressaltamos que a falta de compostura de Bolsonaro é digna da recepção da casa de alterne mais próxima.

Avesso ao contraditório e sem aceitar a contestação dos atos de um governo perdido e despreparado, Bolsonaro recorreu a termos chulos, nesta quarta-feira (27), para explicar os gastos oficiais (R$ 1,8 bilhão) com alimentos e bebidas. Entre os itens comprados pelo governo em 2020, chamam a atenção latas de leite condensado (R$ 15 milhões), uva passa (R$ 5 milhões) e goma de mascar (R$ 2,2 milhões).

Durante almoço reservado com cantores, artistas, ministros de Estado e representantes da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), o presidente da República alegou que as leites de leite condensado foram destinadas a 370 mil homens do Exército.

“Não é para a Presidência da República essa compra de alimentos até porque nossa fonte é outra. São para alimentar 370 mil homens do Exército brasileiro e também programas de alimentação via Ministério da Cidadania, também alimentação via Ministério da Educação, entre tantos e tantos outros. Essas acusações levianas não levam a lugar nenhum e se me acusam disso é sinal que não tem do que me acusar”, disse o irritado Bolsonaro.

O presidente, com a lhaneza (sic) que lhe é peculiar, foi além em seu discurso tosco e rasteiro, atacando mais uma vez a imprensa brasileira. Disse Bolsonaro que as latas de leite condensado são para “enfiar no rabo da imprensa”.

“Quando vejo a imprensa me atacar, dizendo que comprei dois milhões e meio de latas de leite condensado, vai para puta que o pariu. Imprensa de merda essa daí. É para enfiar no rabo de vocês aí, vocês não, vocês da imprensa, essa lata de leite condensado”, esbravejou o descontrolado presidente.

 
Sobre o gasto de R$ 2,2 milhões em chicletes, Bolsonaro justificou a compra dizendo que não se trata de mordomia e que as gomas de mascar foram direcionadas ao Exército. “Me acusam de ter comprado R$ 4 milhões de chicletes e quem já esteve no exército, já teve um catanho, pessoal sabe o que é um catanho, quem serviu, tem um chicletinho lá dentro. Isso não é mordomia, não é privilégio”. [Catanho é um tipo de refeição rápida, normalmente acondicionada em sacos plásticos, utilizada principalmente por militares das forças armadas]

Bolsonaro prometeu que na quinta-feira (28), durante sua bizarra live semanal, provará que a ex-presidente Dilma Rousseff comprou mais latas de leite condensado do que ele. “E deixar bem claro, amanhã na live, junto com o ministro Wagner Rosário da CGU, vamos demonstrar tudo isso, inclusive, que em 2014, a Dilma comprou mais leite condensado do que eu”.

Mais de dois anos após a corrida ao Palácio do Planalto, Bolsonaro continua dependendo do Partido dos Trabalhadores para justificar suas patacoadas, como se a massa pensante da sociedade não soubesse identificar as manobras espúrias de um governante mal-intencionado.

Subserviência nauseante de Ernesto Araújo

Durante esse pífio espetáculo, que envergonha qualquer cidadão de bem, Bolsonaro estava acompanhado do ainda ministro Ernesto Araújo (Relações Exteriores), que aplaudiu o presidente e foi ao delírio com mais um novo ataque à imprensa.

Esse comportamento de Araújo explica declaração durante evento de formatura dos alunos do Instituto Rio Branco, em outubro passado, quando o ministro disse que no campo da diplomacia “é bom ser pária”.

Na cerimônia de formatura, o ministro fez críticas à personalidade escolhida pelos formandos para ser o patrono da turma, o poeta e diplomata João Cabral de Melo Neto. Araújo ponderou que apesar de Melo Neto ter tido “grande sensibilidade para o sofrimento do povo brasileiro”, ele acabou se desvirtuando para o “lado errado do marxismo e da esquerda”.

“Sua utopia, esse comunismo brasileiro de que alguns ainda estão falando até hoje, consistia em substituir esse Brasil sofrido, pobre e problemático por um não-Brasil, um Brasil sem patriotismo, sujeito naquela época, anos 50, 60, aos desígnios de Moscou, e hoje, nesse novo conceito de comunismo brasileiro, sujeito aos desígnios sabe-se lá de quem”, disse o ministro, um delinquente intelectual que foi contaminado pela ignorância devastadora da extrema direita.

 

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