Bolsonaro recorre à “velha política” e libera R$ 3 bilhões em emendas para interferir na Câmara e no Senado

 
A disputa pelas presidências do Senado e da Câmara dos Deputados, cuja eleições acontecerão na próxima segunda-feira (1), se transformou em um escambo criminoso que envolve o Palácio do Planalto e causa engulhos.

No melhor estilo “vale tudo”, Jair Bolsonaro não tem poupado esforços para garantir a vitória do deputado federal Arthur Lira (PP-AL) na corrida ao comando da Câmara. É importante lembrar que Bolsonaro e Lira conviveram no âmbito partidário por ocasião do escândalo do Petrolão, período em que o Progressista chafurdou na lama da corrupção, sem que o agora presidente da República tivesse soltado a voz contra a bandalheira institucionalizada.

Ignorando que no início do seu mandato criticou duramente o que chamou de “velha política”, Bolsonaro decidiu nesta quinta-feira (28) liberar R$ 3 bilhões em emedas parlamentares para 250 deputados e 35 senadores, com o intuito de que apliquem em obras nos respectivos redutos eleitorais. Em outras palavras, o velho “toma lá, dá cá” entrou em cena.

A oferta de recursos foi feita pelo ministro Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo, cujo gabinete se transformou em comando-geral das candidaturas de Arthur Lira e Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que concorre à presidência do Senado.

 
Como se não bastasse a liberação de emendas, Bolsonaro está oferecendo cargos na máquina federal aos parlamentares que votarem nos dois candidatos do Palácio do Planalto. Trata-se de mais um escárnio patrocinado por alguém que se elegeu à sombra do discurso de combater a corrupção e o balcão de negócios em que se transformou o Parlamento federal.

É importante salientar que os candidatos do governo ao comando da Câmara e do Senado, como contrapartida ao apoio oficial que ora recebem, terão de inserir na pauta de votações de ambas as Casas legislativas temas de interesse do Palácio do Planalto. Como o governo Bolsonaro nada fez no campo da economia e assim continuará até 2022, para agradar à base o presidente focará em pautas relacionadas aos costumes. Ou seja, o brasileiro que se prepare para o retrocesso.

No tocante à possibilidade de ao menos um pedido de impeachment contra Jair Bolsonaro prosperar no Congresso, tanto Lira quanto Pacheco já sinalizaram que por enquanto esse assunto está fora de cogitação. Resumindo, a democracia brasileira continuará sob ameaça.

É inaceitável que a disputa nas duas Casas congressuais seja conduzida de maneira que atenta contra o Estado de Direito e a Constituição Federal, que em seu artigo 2º estabelece, de forma clara e inequívoca, que “são Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”. Como Bolsonaro parece não compreender o significado da palavra “independente”, o totalitarismo continua a rondar a pretérita Pindorama.

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