(*) Carlos Brickmann
Chega de brincar: um grupo de gente séria decidiu, com seu dinheiro, dar um jeito de vacinar logo, até setembro, toda a população do país. O objetivo é vacinar, sem se preocupar com trololós de políticos nem com eleições. Feito o serviço, pronto: o grupo volta a suas atividades e os políticos que discutam a largura das calças dos rivais. O movimento é o Unidos pela Vacina, comandado pela formidável Luiza Helena Trajano, do Magazine Luíza, e seu grupo Mulheres do Brasil, somando também empresários e entidades mais preocupados com saúde pública do que com eleições.
Os empresários doarão todas as vacinas ao SUS. Frase de Luiza Trajano: “Nosso objetivo é vacinar todos até setembro deste ano. A gente não discute política, não procura culpado. Discute, sim, como levar a vacina a todos”. A ação, além de trazer vacinas, inclui ajuda na produção, com apoio logístico e contribuições para resolver problemas da Fiocruz e do Instituto Butantan. “Queremos usar nossa experiência, nossa força, para ajudar a destravar os problemas. Coisas que demorariam um mês queremos resolver em 15 dias”, diz Marisa Cesar, CEO do Mulheres do Brasil. Isso se junta a pesada campanha publicitária nacional em favor da vacinação, em parceria com redes de TV, para reduzir a resistência à vacina.
O premiadíssimo publicitário Nizan Guanaes, entidades como a Febraban (bancos) e outras devem participar do esforço conjunto.
As moças da chuva
Talvez as florestas em chamas sejam uma imagem mais rara no futuro. Quatro moças brasileiras, entre 23 e 25 anos, desenvolveram um projeto de chuva artificial que está entre os finalistas do NASA Space Apps Challenge, patrocinado pela agência espacial americana. The Walking Cloud (a nuvem que anda) chama a atenção também por usar materiais baratos, encontrados facilmente no mundo inteiro, e basear-se apenas em energia renovável.
Larissa Nery, 25 anos, e Isabella Moresco, 24, engenheiras de petróleo; Gabriela Raquel Pereira, 23, designer; e Natália Cunha, 24, urbanista e arquiteta, criaram o equipamento. Com base em dados de temperatura e de umidade fornecidos pela NASA, são identificadas regiões onde os incêndios serão mais prováveis. Soa um alarme, e um drone da NASA a energia solar é programado via satélite para encontrar o local. De noite e no começo da manhã, quando é maior a umidade do ar, o drone abre a malha de bioplástico que se enche de gotas de orvalho. Nos períodos mais secos do dia, as gotas caem no solo, umedecendo a camada orgânica seca onde o fogo começa.
É bom prevenir
Apaga uma queimada? Não – mas atua na prevenção, já que conter o fogo é mais difícil do que evitar que comece. Não é complexo, nem caro: pode ser usado em qualquer lugar do mundo (os dados da NASA sobre condições atmosféricas são públicos), com equipamentos amplamente disponíveis.
Mudando de assunto
O ministro de Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, que já foi levado ao espaço pela NASA e até ganhou o apelido de Astronauta, está sendo citado aqui porque talvez assim o clipping de imprensa lhe seja levado e ele saiba que algo interessante está sendo feito por brasileiros. Só calar-se fica chato.
Resistir, como?
Acredite se quiser: o senador Nelsinho Trad confirmou em entrevista em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, que está sendo cogitado para assumir o Ministério do Desenvolvimento Regional. O irmão do senador, deputado Fábio Trad, pediu-lhe que não aceite cargo nenhum: o pai de ambos, Nelson Trad, foi preso e torturado durante a ditadura tão elogiada por Bolsonaro, que também homenageou publicamente alguns torturadores. Mas nada como uma chapa branca no carro: Nelsinho Trad não pode resistir a ela.
Vice fora
Ui, ui!!!!! O presidente Bolsonaro não quer mais que seu vice, o general Mourão, participe de suas reuniões com ministros. E coragem para dizer isso, cara a cara, ao general? Ele preferiu, em vez de convocar o Ministério para a reunião, chamar ministro por ministro, deixando o general de fora. Já faz tempo que Bolsonaro e o vice estão de mal, mas as relações parecem piorar dia a dia. Só falta o Gabinete do Ódio iniciar os ataques ao vice-presidente.
Bolsonaro mal na fita
A pesquisa XP/Ipespe de fevereiro talvez explique por que Bolsonaro, de repente, virou adepto de dar uma ajuda aos que enfrentam maiores problemas econômicos com o coronavírus: o presidente vai perdendo posições. Quem acha sua gestão ruim ou péssima passou de 40 para 42% em um mês (OK, está na margem de erro, mas os demais índices confirmam a queda). Quem vê seu governo como bom ou ótimo caiu de 32 para 30%. A mais longo prazo: quem achava seu governo ruim ou péssimo, em outubro, eram 31%; agora são 42%. A principal queda ocorre entre quem ganha até dois mínimos.
(*) Carlos Brickmann é jornalista e consultor de comunicação. Diretor da Brickmann & Associados, foi colunista, editor-chefe e editor responsável da Folha da Tarde; diretor de telejornalismo da Rede Bandeirantes; repórter especial, editor de Economia, editor de Internacional da Folha de S. Paulo; secretário de Redação e editor da Revista Visão; repórter especial, editor de Internacional, de Política e de Nacional do Jornal da Tarde.
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