Comédia explicativa

(*) Gisele Leite

O atual ministro da Saúde, General Eduardo Pazuello, afirmou recentemente, em sessão no Plenário do Senado Federal, que espera que a metade da população brasileira tome vacinas até o mês de junho, o restante até 19 de dezembro.

Porém, vários Estados brasileiros alertam para o estoque baixo de vacinas Precisamos avaliar como a falta de doses da vacina afetará sensivelmente imunização da população?

O General-ministro afirmou que considera a população vacinável, sem, contudo, explicar quem seria vacinável. Considerando as vacinas aprovadas, como a Coronavac e a Covishield, conhecida como vacina de Oxford. Notabilizado por seu conhecimento logístico, não logrou êxito em explicar porque, apesar de avisado sobre a situação de Manaus (AM), não agiu de forma a mitigar ou evitar a desproteção total daqueles brasileiros. Ao revés, afirmou que não fora avisado previamente.

A população vacinável exclui, por exemplo, gestantes, crianças e grupos nos quais a vacina não foi testada.

Ponderou ainda o General-ministro que para garantir a meta, os institutos Butantan e Fiocruz poderiam chegar a duzentos milhões de doses produzidas ainda esse ano. Também ratificou que o Ministério deverá comprar dez milhões de doses da Sputnik V, desenvolvida pela Rússia e que chegará dentro de um trimestre.

O fato de o modelo de desenvolvimento da vacina russa não estar alinhado com os padrões da Anvisa preocupou o Ministro, mas a decisão da Agência Reguladora em suprimir a fase três dos estudos ajudaria para facilitar a importação do insumo.

Mostrou-se otimista com a possibilidade de o laboratório União Química, empresa que deve produzir a vacina no Brasil, inicie a produção do imunizante russo em território nacional.

Reiterou crítica ao fabricante norte-americano Pfizer, pelas regras impostas na compra de vacinas por esta produzida, apesar de ser considerada a mais eficaz no combate à pandemia.

Assinalou que apesar de querer comprar grande quantidade não aceitar as condições leoninas que foram impostas. A Pfizer, em sua defesa, afirma que tais negociações foram exatamente as mesmas para outros países da América Latina.

O convite ao General-ministro foi no sentido de prestar informações e esclarecimentos a respeito das dificuldades enfrentadas pelo país para imunização da população contra a Covid-19, bem como informar sobre a eficácia das medidas adotadas pela pasta no sentido de promover a ampla vacinação em todo o território nacional.

Os senadores se mostraram pouco impressionados com as explicações oferecidas. Até os senadores da ala governista afirmaram que o Ministro faltou com a verdade. Aliás, ainda nesta semana, o Senado brasileiro perdeu seu segundo representante para a pandemia, o decano Senador José Maranhão do MDB-PB, contabilizando-se ainda que as mães dos senadores Renan Calheiros (MDB-AL) e de Jayme Campos (DEM-MT) igualmente faleceram pela doença.

O maior objetivo da ida do General-Ministro ao Senado era impedir que se inicie trabalhos para uma CPI para investigar a ação do governo durante a pandemia. Não obstante, a oposição já ter assinaturas suficientes para prover o início da comissão parlamentar, caberá o atual Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) dar o respectivo aval para sua abertura.

Em entrevista, Pacheco minimizou a possibilidade de abertura de CPI.

Uma pergunta deixo para os leitores: Você é vacinável? Teoricamente, somente as grávidas e lactantes não o são. Número de vacinados contra a Covid-19 no Brasil ultrapassa 4,3 milhões até o presente momento.

Seria cômico, se não fosse antes trágico.

(*) Gisele Leite – Mestre e Doutora em Direito, é professora universitária.

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