Após Bolsonaro ameaçar com interferência na Petrobras, ações da estatal despencam na Bolsa de Valores

 
A irresponsabilidade de Jair Bolsonaro como governante chega a ser assustadora, principalmente porque o presidente é um péssimo articulador político e não aceita ser contrariado em seus desvarios.

Na campanha presidencial de 2018, Bolsonaro, que não passou de embuste eleitoral, apresentou-se à população como um defensor do liberalismo econômico. Que conhece a trajetória política do presidente da República sabe de seu desmedido apreço pelo nacionalismo e principalmente pelo viés estatizante do governo. Mesmo assim, Jair Bolsonaro conseguiu iludir os eleitores ao convidar Paulo Guedes, o teórico fracassado, para comandar o Ministério da Economia.

Refém de uma categoria profissional, o que é um monumental absurdo, o governo tenta conter as ameaças dos caminhoneiros, que há muito acenam com a possibilidade de paralisação, algo que, se levado a cabo, empurraria de vez o País na vala da crise econômica.

Essa relação promiscua entre Bolsonaro e os caminhoneiros começou em maio de 2018, quando o então deputado federal e pré-candidato à Presidência da República decidiu apoiar a paralisação da categoria, acreditando que isso abriria mais uma porta para a sua candidatura.

Funcionando como “espada de Dâmocles” a balançar sobre a cabeça de Bolsonaro, os caminhoneiros pressionam o governo de todas as maneiras, com direito a ameaças torpes e das mais diversas, com o intuito de reduzir o preço dos combustíveis, em especial o do diesel.

Na quinta-feira (18), a Petrobras anunciou aumento de 10,2% no preço da gasolina e de 15,2% no do diesel. Essa decisão levou o líder dos caminhoneiros a esbravejar contra o governo, cobrando o cumprimento de promessas passadas. Em 2021, diesel e a gasolina já acumulam alta de 27,5% e 34,8%, respectivamente.

“Onde está a palavra do Governo Federal que na pessoa do Presidente da República sinalizou a diminuição dos impostos federais dos combustíveis e vamos para o quarto aumento consecutivo em menos de trinta dias se mantendo inerte e nada fez de concreto até o presente momento”, cobrou, em nota, o Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, conhecido como Chorão.

 
A manifestação de Chorão levou Bolsonaro a anunciar em sua enfadonha live semanal que a partir de março, pelo período de dois meses, o governo abrirá mão dos impostos federais incidentes sobre o diesel (PIS, Cofuns e Cide). Afirmou também o presidente que o gás de cozinha ficará isento dos tributos federais por tempo indeterminado. Bolsonaro só não explicou como compensará a perda de arrecadação.

“A partir de 1.º de março não haverá qualquer imposto federal no diesel por dois meses”, disse o presidente. “Até para ajudar a contrabalançar esse aumento, no meu entender, excessivo da Petrobras”, completou.

“Hoje à tarde, reunido com a equipe econômica, tendo à frente o ministro Paulo Guedes, decisão nossa, a partir de 1º de março, não haverá mais qualquer tributo federal no gás de cozinha”, declarou o presidente, que de alguma maneira busca conter a queda na popularidade.

Em ameaça indireta a Roberto Castello Branco, presidente da Petrobras, Bolsonaro citou que o dirigente da estatal chegou a dizer, dias atrás, que não tinha “nada a ver com os caminhoneiros”.

“Como disse o presidente da Petrobras, há poucos dias: ‘Eu não tenho nada a ver com caminhoneiro’. Foi o que ele falou. Isso vai ter uma consequência, obviamente”, ameaçou Jair Bolsonaro.

Jair Bolsonaro jamais acreditou no liberalismo, apesar de vociferar esse mantra por onde passa. Por isso sua reação ignara à decisão da Petrobras de aumentar os preços dos combustíveis, já que o petróleo é uma commodity precificada internacionalmente. Além da mecânica do mercado de petróleo, a estatal tem acionistas minoritários que devem ter seus investimentos respeitados e mantidos à distância do populismo barato do presidente da República.

Depois da estabanada ameaça de ingerência na Petrobras, as ações da petrolífera brasileira registravam, às 12h30 desta sexta-feira (19), desvalorização de quase 7% na Bolsa de Valores. Bolsonaro deveria estudar sobre liberalismo econômico antes de sair mundo afora disparando sandices.

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