Boeing recomenda suspensão de voos do modelo 777 após falha em turbina

 
A Boeing recomendou nesta segunda-feira (22) a suspensão das operações dos 69 aviões do modelo 777 que estão em serviço e dos 59 em estoque, todos com motores do tipo “Pratt & Whitney”. A recomendação ocorre após a Administração Federal de Aviação (FAA) emitir diretriz de emergência para “inspeções imediatas e intensificadas” do modelo.

“A Boeing está inspecionando ativamente o incidente relacionado ao voo 328 da United Airlines. Enquanto a investigação estiver em andamento, recomendamos suspender as operações das 69 aeronaves 777 em serviço e 59 em armazenamento com motores ‘Pratt. & Whitney 4000-112’, até que a Administração Federal de Aviação identifique o protocolo de inspeção apropriado”, informou a empresa.

O órgão americano emitiu diretriz de emergência após incidente com um Boeing 777-200 da United Airlines no último sábado (20). A aeronave decolou de Denver com destino a Honolulu, no Havaí, e, com cerca de 20 minutos de voo, o motor da direita explodiu e ficou em chamas.

Destroços da turbina e de outras partes da aeronave despencaram do céu e caíram em jardins e parques do condado de Broomfield, no estado do Colorado. Um passageiro filmou o motor em chamas. O avião retornou em segurança ao aeroporto de Denver.

Não houve feridos, nem no avião nem em solo em Broomfield, onde vários residentes publicaram vídeos de peças caindo do céu e fotografias com destroços em seus jardins.

A diretiva da FAA se aplica a aviões Boeing 777 equipados com determinados motores Pratt & Whitney PW4000. “Provavelmente significará que alguns aviões serão retirados de serviço”, disse Steve Dickson, administrador da FAA, em comunicado.

A United Airlines comunicou na noite de domingo a interrupção imediata de todos os voos de seus 24 Boeing 777, seguindo a diretiva da FAA. A companhia aérea disse que está em contato com os reguladores americanos “para determinar quaisquer etapas adicionais necessárias para garantir que essas aeronaves atendam aos rigorosos padrões de segurança e possam retornar ao serviço”.

Terceiro incidente em três anos

A United Airlines é a única companhia dos EUA que possui aeronaves deste modelo em sua frota. O avião envolvido no incidente de sábado, de registro N773UA, realizou seu primeiro voo em 1994 e iniciou operações na empresa dois anos depois.

De acordo com o Conselho Nacional de Segurança nos Transportes (NTSB), o órgão americano de investigação de acidentes, as investigações preliminares apontam para o colapso de duas lâminas da turbina e fraturas em outras.

 
Seria o terceiro incidente desta natureza em três anos. Em 2018, um Boeing 777-200 também da United Airlines sofreu estragos estruturais nas lâminas da turbina logo após decolar de Honolulu. Em dezembro de 2020, um Boeing 777-200 da Japan Air Lines sofreu uma falha similar, em que perdeu parte da carenagem e foram registrados danos nas pás do rotor.

O Japão emitiu um comunicado em que pede às companhias aéreas que evitem o uso de aviões Boeing 777 com motores PW4000 para decolagens, pousos e sobrevoos em seu território até novo aviso.

Incidente similar na Holanda

No mesmo dia do incidente com o voo 328 da United Airlines, outra aeronave da Boeing também enfrentou problemas em um de seus motores e peças caíram do céu na Holanda. O Boeing 747-400BCF, ou seja, um Jumbo fabricado para passageiros, mas convertido para carga pela própria Boeing, decolou do aeroporto de Maastricht, na Holanda, com destino a Nova York.

Contudo, logo após a decolagem, as palhetas dos discos do motor PW4056 que fica na parte externa da asa esquerda – o Boeing 747 tem quatro motores – quebraram e causaram um mau funcionamento do motor.

O avião cargueiro da Longtail Aviation acabou por pousar em Liège, na Bélgica. Partes das palhetas do compressor foram encontradas na cidade holandesa de Meerssen, algumas encravadas em teto de carros. Duas pessoas ficaram feridas no incidente.

A suspensão das operações de voos dos Boeing 777 são mais um duro golpe para a empresa americana, que ainda sente o revés sofrido pelos problemas em torno de outro modelo, o Boeing 737 MAX. O modelo esteve envolvido em dois grandes acidentes que mataram mais de 340 pessoas – o voo 610 da Lion Air, em outubro de 2018, na Indonésia, e o voo 302 da Ethiopian Airlines, em março de 2019.

A frota completa da série MAX do Boeing 737 permaneceu dois anos sem voar. O procedimento – e as descobertas feitas na investigação – provocaram a renúncia do presidente-executivo Dennis Muilenburg e o maior fracasso financeiro da Boeing em seus 104 anos de existência.

Após alterações no dispositivo causador da falha que levou às quedas na Indonésia e na Etiópia, o modelo voltou recentemente aos céus, inclusive no Brasil, onde o 737 MAX é operado pela Gol. (Com agências internacionais)

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