Populista e inconsequente, Bolsonaro mente ao afirmar que “agenda de privatização está a todo vapor”

 
O desempenho de Jair Bolsonaro na Presidência da República é semelhante à vista de um orangotango e uma loja de cristais, tamanho é o estrago que o chefe do Executivo promove no âmbito do governo.

Depois de intervir escandalosamente no comando da Petrobras, com o expresso objetivo de reduzir na marra os preços dos combustíveis, Bolsonaro viu o valor de mercado da estatal derreter em questão de horas. Diante da decisão totalitarista e impensada, investidores nacionais e estrangeiros decidiram mais uma vez colocar o pé no freio em relação ao Brasil. Esse movimento de cautela deve durar um bom tempo, pois no momento há melhores destinos para investimentos.

Aconselhado a tomar alguma medida para minimizar o estrago, Bolsonaro ignorou o próprio discurso e anunciou na terça-feira (23) a privatização da Eletrobras, depois de ter afirmado no último final de semana que agiria para reduzir a tarifa de energia elétrica. A Medida Provisória que trata da privatização da Eletrobras foi levada ao Congresso Nacional pelo próprio presidente, que, ladeado por um séquito de ministros, percorreu a pé a distância que separa o Palácio do Planalto da sede do Parlamento.

Na verdade, o presidente jogou sobre o ainda ministro da Economia, o desacreditado Paulo Guedes, algumas doses de “faz de conta”, enquanto imaginava transmitir ao mercado financeiro a falsa informação de que não houve intervenção na Petrobras. Bolsonaro disse que não há briga alguma com a Petrobras, mas que deseja maior transparência por parte da companhia na formulação dos preços dos combustíveis.

É impossível maior transparência do que a da petroleira nacional, que há muito pauta sua política de preços com base no mercado internacional. Aliás, não há como operar no mercado petrolífero global sem considerar o petróleo como commodity. Sendo assim, a Petrobras tem sido absolutamente transparente, gostem ou não os integrantes da extrema direita e da extrema esquerda.

 
A ópera bufa protagonizada pelo presidente da República na terça-feira foi coroada com uma declaração descolada da realidade. Ao lado dos presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados, Rodrigo Pacheco e Arthur Lira, respectivamente, Bolsonaro ousou dizer que o plano de privatizações do governo avança “a todo vapor”.

“A nossa agenda de privatização, essa MP não trata disso hoje em dia, mas nossa agenda de privatização continua a todo vapor”, disse Bolsonaro, sem sequer ter a face ruborizada diante de monumental mentira.

É importante ressaltar que então presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Júnior, que está à frente da companhia há cinco anos, pediu demissão do cargo alegando razões pessoais, mas o verdadeiro motivo foi a falta de empenho do governo para privatizar a estatal. Ferreira Júnior ficará no comando da Eletrobras até o próximo dia 5 de março.

Imaginar que o plano de privatizações do governo Bolsonaro está “a todo vapor” é passar recibo de inocência. Até porque, a Petrobras vem tentando se desfazer de refinarias, mas as incertezas que diariamente descem a rampa do Palácio do Planalto afugentam possíveis interessados. Além disso, nenhum investidor comprará uma refinaria de petróleo no Brasil se a certeza de vender os derivados a preço justo e de mercado.

Jair Bolsonaro é um inepto conhecido que ludibriou parte da opinião pública como forma de garantir sua eleição, em 2018. Agora, de olho na reeleição, o presidente tira da estante a cartilha do populismo barato, pois do contrário terá de deixar o Palácio do Planalto pela porta dos fundos.

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