Em entrevista, o ainda ministro Paulo Guedes mostra ser tão falacioso quanto o presidente da República

 
Quando Paulo Guedes foi apresentado aos brasileiros, pelo então candidato Jair Bolsonaro, como “Posto Ipiranga”, ainda na corrida presidencial e 2018, o UCHO.INFO afirmou que era falaciosa a comparação com o mote da campanha publicitária de rede de postos de combustíveis homônima, pois o economista sempre foi conhecido por ser um teórico com dificuldades para colocar em prática suas ideias e teorias.

Com a eleição de Bolsonaro, o ministro da Economia passou a acreditar que tinha a solução para tirar o Brasil do atoleiro da crise, algo que até agora não aconteceu. Alguém há de alegar que a pandemia do novo coronavírus atrapalhou os planos da equipe econômica, mas é importante lembrar que antes da crise sanitária a situação do País já estava na espiral descendente.

Longe de o brasileiro conseguir enxergar um horizonte desanuviado, Paulo Guedes agora surge em cena a reboque da vitimização, como se fosse responsável por enormes melhorias na vida da parcela carente da população.

Apesar de ser recorrentemente desautorizado pelo presidente Jair Bolsonaro, o ministro tratou de colocar “panos quentes” na conturbada relação com o chefe do Executivo federal. “Consigo ter uma comunicação boa com o presidente de um lado e com a centro-direita de outro. O que me tira daqui é a perda da confiança do presidente e ir para o caminho errado. Se tiver que empurrar o Brasil para o caminho errado, prefiro sair. Isso não aconteceu, tenho recebido apoio do presidente e do Congresso para ir na direção certa”, declarou Guedes

Em entrevista ao youtuber Thiago Nigro, do canal “Primo Rico”, o ministro afirmou que só deixará o governo caso esteja fazendo “algo errado”. “Tenho noção de compromisso enquanto puder ser útil e gozar da confiança do presidente. Se o presidente não confiar em meu trabalho, sou demissível em 30 segundos. Se eu estiver conseguindo ajudar o Brasil, fazendo as coisas que acredito, devo continuar. Ofensa não me tira daqui, nem o medo, o combate, o vento, a chuva”, afirmou.

O conceito de certo e errado é relativo e pessoal, mas ninguém pode afirmar que Paulo Guedes vem adotando medidas econômicas no campo da assertividade. E quem nada faz é porque algo errado está a acontecer.

Paulo Guedes aposta suas fichas na aprovação da Proposta de Emenda à Constituição que prevê o pagamento de nova rodada do auxílio emergencial, que, segundo informações palacianas, terá quatro parcelas de R$ 250 cada.

Representante do mercado financeiro, Guedes vive do cenário retrogrado que frequentou enquanto cursava a Universidade de Chicago, o que lhe conferiu visão obtusa da realidade brasileira, sem qualquer olhar para as camadas mais pobres da população.

 
Para justificar sua quase inoperância, Guedes disparou: “Piratas privados estão colocando boato no jornal todo dia, dizendo que o ministro vai cair, ministro brigou com presidente, presidente brigou com o ministro. Tem políticos que querem contribuir com o futuro do Brasil, mas tem um pedaço que é o pântano”.

Paulo Guedes é egresso do mercado financeiro e está contrariado com o desalento e as reclamações de seus antigos parceiros. Isso mostra que sua permanência no governo Bolsonaro está por um fio, já que em busca da reeleição o presidente terá de avançar cada vez mais nos campos do populismo barato e da “velha política”.

Enquanto Bolsonaro permanece refém do Centrão, bloco parlamentar sempre ávido por cargos e benesses outras, Guedes fala em corte de despesas, acreditando que a maioria dos senadores e dos deputados é reformista. “A maioria esmagadora do Congresso é reformista, mas tem meia dúzia por cento que está com maus desígnios”, declarou. “Há pedra no caminho de vez em quando, mas cai, levanta de novo. O saldo é vastamente positivo, estamos conseguindo andar”, completou.

Não faz muito tempo, Guedes condenou ao cadafalso as domésticas que iam aos parques da Disney, disse que a economia brasileira apresentava recuperação em “V” após a pandemia que ainda não acabou e agora afirma que o resultado de sua gestão à frente do Ministério da Economia é “vastamente positivo”.

Esse quadro anunciado pelo ministro ainda não se apresentou aos brasileiros, que continuam à espera de novas parcelas do auxílio emergencial, o que reforça o fracasso da equipe de Guedes na condução da economia do País.

O olhar elitista de Paulo Guedes ficou evidente, mais uma vez, em declaração que poderia ser evitada. O titular da Economia afirmou ter entrado no governo “meio inadvertidamente” e que está “perdendo bastante dinheiro” continuando como ministro. “O presidente tem ótimas intenções, responsabilidade e compromisso com o País. Parti da ideia de que vindo para cá teria apoio do presidente para fazer mudanças. O presidente também quer mudanças, isso nos aproximou”, disse Guedes.

Paulo Guedes deve conhecer o famoso adágio popular “a porta da rua é serventia da casa”, ou seja, que arrume as gavetas e faça as malas se estiver descontente e perdendo fortunas. Até porque, o liberalismo econômico que o ministro defende é obtuso por não contemplar as pautas sociais. Não custa lembrar que, no primeiro momento da pandemia, Guedes defendeu R$ 200 como valor das parcelas da primeira rodada do auxílio emergencial.

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