Negacionista e avançando no campo da boçalidade, Bolsonaro diz que imprensa cria pânico com a Covid-19

 
Na terça-feira (2), o presidente Jair Bolsonaro havia programado um comunicado em rede nacional de rádio e televisão, mas aconselhado por assessores palacianos acabou por abandonar o plano. Isso porque o presidente pretendia afirmar durante o discurso que tem feito tudo o que está a seu alcance para enfrentar a pandemia do novo coronavírus. Diante da possibilidade de o espetáculo de mitomania provocar ruídos reação em todo o País, Bolsonaro preferiu adiar a patacoada.

Horas depois, ao encontrar com apoiadores que o aguardavam em frente ao Palácio da Alvorada, Bolsonaro disse à turba que querem responsabilizá-lo pelas mais de 257 mil mortes por Covid-19 no País. “Querem me culpar pelas 200 e tantas mil mortes. O Brasil é o 20º país do mundo em mortes por milhão de habitantes. A gente lamenta? Lamentamos. Mas tem outros países com IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), renda e orçamento melhor que o meu em que morre mais gente”, declarou o negacionista.

Na manhã desta quarta-feira (3), ao deixar a residência oficial da Presidência da República, Jair Bolsonaro novamente parou para falar com os bajuladores de plantão. Com os sabujos comentou a questão do pronunciamento que acabou suspenso. “O assunto (do pronunciamento), quando tiver, vai ser a pandemia, vacinas”, afirmou. Sobre quando o comunicado acontecerá, o presidente preferiu fazer mistério. “Vai ficar a dúvida aí”, disse.

O presidente não perdeu a oportunidade de novamente atacar a imprensa, a quem acusa de criar “pânico” a partir dos dados sobre a pandemia. “Para a mídia, o vírus sou eu. “Criaram o pânico”, declarou. “O problema está aí, lamentamos, mas você não pode viver em pânico. Que nem a política, de novo, do fique em casa, o pessoal vai morrer de fome, de depressão?”, indagou.

 
Vivendo, por conveniência, em um mundo paralelo marcado por mentiras e informações falsas, Bolsonaro afirmou aos apoiadores que em números absolutos o Brasil é o país que mais tem vacinado ao redor do planeta. “O Brasil é um país que em valores absolutos mais está vacinando”, afirmou o presidente.

Bolsonaro, assim como qualquer cidadão, tem garantido o direito à livre manifestação do pensamento, mas na condição de presidente da República não pode mentir e distorcer fatos. Até a noite de terça-feira, apenas 3,36% da população brasileira havia recebido a primeira dose da vacina contra Covid-19. No contraponto, faz-se necessário destacar, o Brasil precisa vacinar pelo menos 75% da população para tentar conter a circulação do vírus. Ou seja, o País está a léguas de distância dessa meta.

Leitão e gargalhadas

Além disso, na terça-feira, enquanto o número de óbitos por Covid-19 caminhava na direção da incrível marca de 1.726 vítimas fatais em apenas 24 horas, o presidente da República promoveu um animado e descontraído almoço com parlamentares da bancada mineira, ignorando a tragédia que avançava de forma acelerada em todos os rincões nacionais.

O deputado federal Fábio Ramalho (MDB-MG) foi convidado pelo chefe do Executivo a preparar o cardápio servido no Palácio do Planalto (leitão, feijão tropeiro, linguiça e carne moída com quiabo), como se o momento fosse para comemorações.

Típico de pessoas covardes e insensíveis, o regabofe político não passou despercebido e provocou a reação de vários políticos. O deputado federal Nelson Trad (PSD-MS) escreveu nas redes sociais que sentiu-se enojado diante do descabido almoço. “”Não é tanto pelo leitão, mas pela descontração festiva da mesa farta de altas gargalhadas no mesmo dia em que os cemitérios brasileiros mais receberam corpos vitimados pelo vírus. É isto que choca. É isto que afronta. É isto que enoja”, escreveu Trad.

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