Variante brasileira do novo coronavírus pode reinfectar até 61% dos recuperados, revela estudo

 
Detectada pela primeira vez no Amazonas, a variante do novo coronavírus tem potencial de driblar o sistema imunológico e causar reinfecções pelo SARS-CoV-2, afirmaram cientistas na terça-feira (2), com base no resultado de um estudo preliminar.

De acordo com pesquisadores do Reino Unido e do Brasil, a variante brasileira, chamada de P1, possui uma “constelação única de mutações” e se tornou rapidamente a variante dominante na região.

De um total de 100 infectados em Manaus que já haviam se recuperado de uma infecção pelo coronavírus, “entre 25 e 61 estão suscetíveis a uma reinfecção com a P1”, afirmou o especialista Nuno Faria, do Imperial College London, que é coautor do estudo preliminar.

Faria ressaltou, no entanto, ser ainda muito cedo para afirmar se a variante seria resistente às vacinas desenvolvidas até o momento contra a Covid-19. “Não há nenhuma evidência conclusiva que sugere que os imunizantes atuais não funcionam contra a P1. Acredito que as vacinas nos protegerão pelo menos contra a doença e possivelmente contra a infecção”, acrescentou.

A variante do Amazonas já foi detectada em ao menos 20 países. Cientistas de todas ar partes d planeta estão preocupados com a possibilidade de a cepa ser resistente às vacinas.

 
Detalhes do estudo

Realizado pelo Imperial College London em parceria com pesquisadores da Universidade de Oxford e da Universidade de São Paulo (USP), o estudo indica que a P1 surgiu provavelmente em Manaus no início de novembro. A primeira infecção com a cepa foi identificada em 6 de dezembro.

“Vimos então a rapidez com que a P1 ultrapassou outras linhagens e descobrimos que a proporção da cepa passou de zero a 87% em cerca de oito semanas”, afirmou Faria.

O estudo preliminar, que ainda não foi revisado por outros pesquisadores, sugere ainda que a cepa do Amazonas seja entre 1,4 e 2,2 vezes mais transmissível do que outras variantes, e esse seria provavelmente um dos fatores responsáveis pela segunda onda da pandemia no Brasil.

“Provavelmente faz as três coisas ao mesmo tempo: é mais transmissível, invade mais o sistema imunológico, e, provavelmente, deve ser mais patogênica”, afirmou Ester Sabino, professora da Faculdade de Medicina da USP e coordenadora do grupo da universidade que participou do estudo. “Não se podem explicar tantos casos a não ser pela perda de imunidade”, acrescentou.

Baseado em modelo matemático realizado pelo Imperial College, o estudo analisou genomas de 184 amostras de secreção nasofaríngea de pacientes diagnosticados com Covid-19 em laboratórios de Manaus entre novembro de 2020 e janeiro de 2021.

A cidade foi palco de um dos piores momentos da pandemia no País. A explosão de casos levou à escassez de oxigênio e ao colapso do sistema de saúde no início deste ano. (Com agências internacionais)

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