Lambendo as franjas da molecagem e da esquizofrenia, Bolsonaro diz ter solução para a pandemia

 
Depois de meses seguidos de negacionismo torpe e desídia institucionalizada, o presidente Jair Bolsonaro tenta se eximir da responsabilidade pela tragédia provocada pela pandemia do novo coronavírus, como se a opinião pública não conhecesse a realidade.

Sempre disposto a terceirizar a culpa por um governo pífio e radical, Bolsonaro disse, na quarta-feira (3), ter a solução para a pandemia e que só apresentará o plano ao País caso o Supremo Tribunal Federal (STF) decida que cabe ao governo a adoção de medidas para conter o avanço da Covid-19. Em outras palavras, o presidente da República novamente transfere a estados e municípios a responsabilidade pela tragédia nacional.

Bolsonaro passou 28 anos no Congresso nacional como deputado federal, mas, ao que parece, nesse período não se dignou a ler a Constituição Federal, que é clara ao estabelecer a responsabilidade do Executivo na gestão da saúde pública.

Em relação ao STF, os ministros da Corte, diante da inoperância do governo federal, decidiu que governadores e prefeitos têm autonomia (competência concorrente) para adotar medidas para combater a pandemia, mas em momento algum eximiram o governo federal de qualquer responsabilidade em relação à crise sanitária, pelo contrário.

“Se eu tiver poder para decidir, eu tenho o meu programa, o meu projeto, pronto para botar em prática no Brasil. Agora, preciso ter autoridade”, afirmou o presidente. Bolsonaro é um ignaro confesso que aposta no confronto, a exemplo do que fez ao longo da vida, para manter em marcha seu projeto de reeleição.

“Se o Supremo Tribunal Federal achar que pode dar o devido comando dessa causa a um poder central, que eu entendo ser legítimo e meu, eu estou pronto para botar o meu plano em prática”, completou o presidente, como se fosse o derradeiro gênio da raça.

 
Jair Bolsonaro vem demonstrando, de forma recorrente, ter traços de esquizofrenia, já que insiste em viver em um mundo paralelo, que nem de longe reflete as mais rasas doses de realidade. Nesta quinta-feira (4), durante evento de inauguração em Goiás, o presidente disse “somos responsáveis e fazemos o que é certo”.

Fosse verdadeira a declaração de Bolsonaro, o Brasil jamais teria alcançado o maior índice de mortes por Covid-19 por milhão de habitantes. Aliás, o Brasil superou os Estados Unidos em número relativo de mortes. Ou seja, Bolsonaro é um irresponsável e não sabe o que faz, muito menos o que fala.

A reboque de ignorância devastadora, o presidente criticou o pedido dos secretários estaduais de Saúde para que o governo adote um “lockdown” nacional, com o objetivo de minimizar a tragédia que avança País afora sem cerimônia.

“Agora, um ano depois? Lembraram de mim um ano depois? Estão sendo pressionados pela população que não aguenta mais ficar em casa e que tem que trabalhar por necessidade”, questionou Bolsonaro durante conversa com apoiadores.

O Brasil ruma ao patamar de 2 mil mortes por dia em razão de complicações decorrentes da Covid-19, com dezenas de pessoas morrendo na fila de espera por um leito de UTI, mas o presidente prefere ignorar a realidade e manter seu populismo barato e criminoso.

Em suma, o negacionismo de Jair Bolsonaro, goste ou não a súcia de aduladores, flerta com as franjas da molecagem e da esquizofrenia. A parcela de bem da sociedade, que não é pequena e sequer deve ser desprezada, tem a obrigação de reagir a essa déspota enquanto é tempo. Do contrário, o Brasil continuará avançando a passos largos na direção do obscurantismo.

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