Bolsonaro flerta com o território da canalhice ao dizer “chega de mimimi” para minimizar a pandemia

 
Se a negligência do governo federal com a pandemia do novo coronavírus é monumental, aproxima-se da canalhice a insensibilidade do presidente Jair Bolsonaro diante da tragédia humanitária que assola o Brasil, onde em breve 2 mil vidas tombarão diariamente no campo de batalha da Covid-19.

Nesta quinta-feira (4), durante inauguração de trecho da ferrovia Norte-Sul, na cidade goiana de São Simão, Bolsonaro, ao tratar da pandemia, disse que é preciso parar de “frescura” e “mimimi”. O presidente foi além e perguntou até quando as pessoas ficarão “chorando”. Segundo o chefe do Executivo, é preciso “enfrentar nossos problemas”.

A Covid-19 já matou mais de 259 mil pessoas no Brasil, mas Bolsonaro insiste em ignorar a dor das famílias e o desespero dos que por enquanto escaparam do vírus SARS-CoV-2 e suas perigosas variantes. Isso porque o presidente prioriza a economia e dá as costas à preservação de vidas. “Onde o Brasil vai parar se nós pararmos”, questionou o negacionista.

“Vocês (produtores rurais) não ficaram em casa, não se acovardaram. Nós temos que enfrentar nossos problemas. Chega de frescura, de mimimi. Vão ficar chorando até quando? Temos que enfrentar os problemas. Respeitar, obviamente, os mais idosos, aqueles que têm doenças, comorbidades. Mas onde vai parar o Brasil se só pararmos?”, disse.

Na quarta-feira (3), ao deixar a sede da embaixada do Kuwait, em Brasília, onde participou de reunião com representantes diplomáticos de países do Golfo Pérsico, Bolsonaro disse que tem a solução para a questão da pandemia, mas precisa que o Supremo Tribunal Federal (STF) o autorize a agir. Na verdade, como citamos em matéria anterior, o STF não proibiu o governo federal de atuar no combate à Covid-1, mas reconheceu que estados e municípios têm competência concorrente para adotar medidas contra a pandemia.

Nesta quinta-feira, em notória mudança de discurso, o presidente da República, ao dirigir-se à claque de encomenda, afirmou que é preciso encontrar uma solução.

 
“Até quando vão ficar dentro de casa, até quando vai se fechar tudo? Ninguém aguenta mais isso. Lamentamos as mortes, repito, mas tem que ter uma solução. Tudo tem que ter um responsável”, vociferou o presidente.

Sobre “ter um responsável”, Bolsonaro precisa se informar melhor sobre quem de fato é o maior culpado pela tragédia que se espalha pelo País, sem que o seu governo tenha adotado alguma medida para minimizar o caos. Apenas a título de informação, o Brasil precisa vacinar 75% da população contra Covid-19, mas até agora os incompetentes assessores do presidente só conseguiram imunizar menos de 4% dos brasileiros.

A delinquência intelectual de Bolsonaro em termos de capacidade de devastação só perde para o novo coronavírus. Depois de meses a fio falando em preservar a economia e alegando que um dia todos hão de morrer, o presidente negou que esteja a priorizar a atividade econômica.

“Lamento as mortes, repito. Antes que comecem a falar por aí, essa imprensa, que eu estou ignorando mortes e pensando em economia. Por que vocês não ouvem falar de vacina em países da África? Ou em alguns países aqui da América do Sul? Porque não tem dinheiro. Não tem economia, então não tem vacina. Se nós destruirmos nossa economia, podem esquecer um monte de coisa”, esbravejou o falso profeta.

Em nova contradição, o presidente fez um apelo aos governadores e prefeitos para que evitem o “lockdown”, pois, segundo ele, “o povo quer trabalhar”. Além disso, Bolsonaro mais uma vez minimizou o efeito nocivo das aglomerações.

“Eu apelo aqui, já que me foi castrada a autoridade, para (que) governadores e prefeitos repensem a política do fechar tudo. O povo quer trabalhar! Venham para o meio do povo, conversem com o povo! Não fiquem me acusando de fazer aglomeração, aqui tem aglomeração, em todo lugar tem”, declarou.

“A grande maioria tem que trabalhar. Quando se fala essa em “essa atividade é essencial, aquela não”. Atividade essencial é toda aquela necessária para o chefe de família levar o pão para dentro de casa, porra” afirmou o desclassificado presidente da República, que, como sempre afirmamos, é desprovido de estofo para ocupar cargo de tamanha relevância e responsabilidade.

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