Quando o presidente Jair Bolsonaro ensaiou, na quarta-feira (10), uma possível mudança de comportamento em relação à pandemia do novo coronavírus, com o uso de máscara de proteção e defesa da vacinação, acreditou na farsa palaciana apenas quem de fato não conhece o chefe do Executivo federal.
O falso bom-mocismo de Bolsonaro durou poucas horas, o suficiente para que sua base de radicais apoiadores reagisse ao que classificou como demonstração de pavor em relação ao ex-presidente Lula, que com a elegibilidade reestabelecida não poupou críticas ao governo na condução da pandemia e da economia, entre outros temas abordados pelo petista durante entrevista em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo.
Nesta quinta-feira (11), Bolsonaro retomou o discurso insano e beligerante e passou a atacar governadores que, diante da disparada do caos provocado pela pandemia do novo coronavírus, adotaram medidas mais restritivas, já que em alguns pontos do País a ocupação de leitos de UTI estão acima do limite, com pacientes morrendo na fila de espera por uma vaga no setor de tratamento intensivo.
O negacionismo irresponsável de Bolsonaro e o despreparo do governo no combate à pandemia começam a minar os planos do presidente da República de disputar a reeleição. Senador pelo PSDB do Ceará, Tasso Jereissati disse nesta quinta-feira (11), durante live promovida pelo jornal Valor Econômico, que o desastre que se formou no entorno da pandeia de Covid-19 faz com que Bolsonaro seja considerado fora do tabuleiro eleitoral de 2022.
Uma das mais equilibradas e coerentes vozes do Congresso Nacional, o senador Alvaro Dias (Podemos-PR) disse, em conversa com o UCHO.INFO, que a pandemia contaminou as pretensões eleitorais de Bolsonaro, que, mesmo faltando mais de um ano para a corrida presidencial, não terá como se recuperar dos efeitos colaterais decorrentes da pandemia.
Para o senador paranaense, o presidente da República “perdeu dois anos e dois meses sem aprovar reformas importantes para o País”, o que aponta para um horizonte carrancudo em termos de reeleição. Alvaro Dias ressaltou que até 2022 há tempo suficiente para qualquer governante se recuperar em termos políticos, mas no caso de Bolsonaro essa eventual recuperação torna-se impossível pela ausência de condições.
Além disso, o senador Alvaro Dias destacou que, segundo dados da pesquisa realizada pela consultoria Atlas, concluída na quarta-feira, a avaliação negativa de Bolsonaro deu um salto nos últimos meses. De acordo com o levantamento, o presidente da República é avaliado como “ruim ou péssimo” por 57% da população. Trata-se do ápice de uma curva de desaprovação que começou em novembro do ano passado, quando a taxa era de 46%. Em janeiro, a marca apurada foi 53%.
Alvaro Dias lembrou que, quando governador do Paraná (1987-1991), preocupou-se com pesquisas da época que apontavam sua desaprovação pelos paranaenses na casa de 11%. “Se com 11% fiquei extremamente preocupado, imagine os efeitos de uma desaprovação na casa de 57%”, disse o senador.
A pesquisa da consultoria Atlas aponta derrota de Bolsonaro caso o segundo turno da eleição presidencial fosse hoje. De acordo com a pesquisa, em simulação de segundo turno, Lula aparece com 44,9% contra 36,9% de Bolsonaro, 16,3 pontos de diferença. Em eventual confronto com Ciro Gomes, o pedetista também bate Bolsonaro (44,7% contra 37,5%). Também na segunda volta, o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (Saúde) derrota Bolsonaro (46,6% contra 36,9%).
Perguntado se a próxima disputa presidencial terá um movimento “antibolsonarismo”, a exemplo do que ocorreu em 2018, quando prevaleceu o “antipetismo”, Alvaro Dias disse que possivelmente teremos no próximo ano um movimento contra “Bolso-Lula”. Até porque, frisou o senador, Lula continua com o carimbo do Petrolão, enquanto Bolsonaro dispensa maiores apresentações.
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