Novo ministro da Saúde pode ser mais um sabujo a incensar a irresponsabilidade genocida de Bolsonaro

 
Coerência no meio político é mercadoria em extinção, se é que em algum momento da história nacional existiu em abundância. A mudança no comando do Ministério da Saúde é um clássico exemplo de como a coerência é mandada às favas quando a vaidade fala mais alto.

Escolhido pelo presidente da República para comandar a Saúde, o médico Marcelo Queiroga já deu sinais claros de que dará continuidade à sabujice explícita e nauseante inaugurada por Eduardo Pazuello, que em transmissão ao vivo, ao lado de Bolsonaro, disse que “um manda, o outro obedece”.

Queiroga, que já criticou o chamado tratamento precoce e o uso de cloroquina no tratamento contra Covid-19 e defendeu o isolamento social como medida para conter o avanço da pandemia, agora começa a amainar as próprias declarações. Isso porque o novo ministro afirmou que sua missão à frente do Ministério da Saúde será viabilizar os planos de Jair Bolsonaro para o combate ao novo coronavírus.

Ciente de que Bolsonaro é um negacionista contumaz da ciência, crítico recorrente do isolamento social e defensor do uso de medicamentos sem eficácia comprovada contra a Covid-19, Queiroga corre o risco de ser mais um fantoche à frente do Ministério da Saúde, já que a troca no comando é do tipo “seis por meia dúzia”. Afinal, o presidente exige obediência incondicional de seus auxiliares.

 
Como noticiou o UCHO.INFO em matéria anterior, Bolsonaro procurava, de chofre, alguém que aliviasse a pressão que o governo passou a sofrer nas últimas semanas em razão da tragédia decorrente da evolução da grave crise sanitária, não sem antes tirar dos ombros de Pazuello a culpa por quase 280 mil mortes por Covid-19.

Longe de se preocupar com a saúde dos brasileiros e com as dezenas de milhares de mortes que ainda surgirão pela frente, Jair Bolsonaro está preocupado com seu projeto de reeleição. Por esse motivo buscou um médico que conseguisse criar uma cortina de fumaça sobre a desastrosa gestão de Pazuello, que trocará a Esplanada dos Ministérios por um cargo de adido militar em algum lugar do planeta.

Assim, longe dos holofotes, Eduardo Pazuello será esquecido temporariamente, pelo menos até que sejam concluídas as investigações sobre sua desastrosa atuação no caos no sistema público de saúde do Amazonas, que entrou em colapso simultaneamente à falta de oxigênio nos hospitais do estado.

Com essa mudança, o presidente tenta acalmar os ânimos no Congresso Nacional, já que deputados e senadores ainda não decidiram sobre a instalação da CPI da Covid, que tinha chances de ser abortada se o novo ministro fosse alguém indicado pelo sempre ávido Centrão.

A cardiologista Ludhmila Hajjar, cuja indicação recebeu as bênçãos de vários políticos e autoridades, recusou o convite por “divergência técnica” com Bolsonaro. Ora, se Hajjar desistiu da proposta por discordar dos planos de Bolsonaro para a pasta, Queiroga só aceitou porque será mais um sabujo incensar a irresponsabilidade genocida do presidente da República. Em suma, a tragédia humanitária há de avançar no Brasil.

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