Agência europeia conclui que vacina de AstraZeneca-Oxford é segura

 
A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) concluiu nesta quinta-feira (18) que a vacina contra a Covid-19 desenvolvida pela farmacêutica AstraZeneca e a Universidade de Oxford é “segura e eficiente”. O anúncio ocorreu após uma ampla análise sobre a possibilidade do surgimento de coágulos sanguíneos em vacinados.

A diretora da agência, Emer Cooke, disse que o comitê que examinou o medicamento chegou a uma “conclusão científica clara”. “Esta é uma vacina segura e eficiente. É benéfica em proteger pessoas da Covid-19 e dos riscos associados de morte e hospitalização, e supera os possíveis riscos.”

Nos últimos dias, autoridades em diversos países relataram o surgimento de coágulos em algumas pessoas vacinadas com o imunizante, o que levou vários governos europeus, incluindo Alemanha, França e Itália, a suspenderem a aplicação da vacina. A medida resultou em atrasos nas campanhas de imunização no continente, que já enfrentavam dificuldades.

Cooke afirmou, porém, que a agência não conseguiu eliminar uma possível ligação entre a vacina e os incidentes com coágulos sanguíneos, e incluirá uma explicação sobre os potenciais riscos nos materiais de informação para os profissionais de saúde e nas bulas.

A EMA, que deu aval ao imunizante de Oxford em janeiro, esteve sob forte pressão para esclarecer as preocupações de segurança em relação à vacina.

A análise incluiu dados de 5 milhões de pessoas, incluindo 30 casos de desordens sanguíneas incomuns em cidadãos do Espaço Econômico Europeu (EEE), que abrange 30 países do continente. Em toda essa região, mais de 45 milhões de doses da vacina da AstraZeneca-Oxford já foram aplicadas.

Países anunciam retomada da vacinação

Logo após o anúncio da EMA, alguns países europeus que haviam suspendido o uso da vacina da AstraZeneca comunicaram que vão retomar a aplicação do imunizante já nesta sexta-feira (19), entre eles Alemanha, Itália, Lituânia, Letônia, Chipre e França. A Espanha informou que vai voltar a aplicar a vacina na próxima semana.

O ministro da Saúde alemão, Jens Spahn, informou que a decisão de dar continuidade à vacinação com a droga da AstraZeneca foi tomada pelos governos federal e estaduais e pelo Instituto Paul Ehrlich, responsável pela regulação e aprovação de medicamentos no país.

 
“A análise da EMA confirma nossa abordagem”, disse Spahn. “Foi correto suspender as vacinações como medida de precaução, até que se analisasse o acúmulo conspícuo de casos desse tipo muito raro de trombose.”

Já na França, para demonstrar a confiança no imunizante, o primeiro-ministro francês, Jean Castex, deverá receber uma dose da vacina da AstraZeneca nesta sexta-feira, em frente às câmeras de televisão.

OMS recomenda vacina de Oxford

Também nesta quinta-feira, a Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos para a Saúde (MHRA, na sigla em inglês) do Reino Unido disse que não há nenhuma ligação entre os coágulos sanguíneos e a vacina AstraZeneca ou com o imunizante da Pfizer-BioNTech, que também está sendo aplicado no país.

“Não há evidência de que coágulos sanguíneos nas veias estejam ocorrendo mais do que o esperado na ausência de vacinação, para qualquer uma das vacinas”, disse June Raine, presidente-executiva da MHRA.

Na quarta-feira, a Organização Mundial da Saúde (OMS) já havia recomendado a utilização da vacina. “A OMS estima que o balanço risco/benefício se inclina a favor da vacina da AstraZeneca e recomenda que as vacinas continuem” a ser administradas, diz um comunicado da agência da ONU.

De acordo com a entidade, as vantagens do uso da vacina “são maiores que os riscos”. A OMS diz que é comum o registro de efeitos adversos em pessoas que recebem doses de algum dos tipos do medicamento, “o que, não necessariamente, significa que estejam relacionados com a imunização”.

As dúvidas sobre o agente imunizante da companhia afetavam em especial a OMS, já que a maioria das doses distribuídas até o momento pelo programa Covax foi produzida pela AstraZeneca.

Desde o fim de fevereiro, a iniciativa e a Aliança Mundial para Vacinas e Imunização (Gavi) distribuíram cerca de 230 milhões de doses do imunizante da AstraZeneca em 140 diferentes países. (Com agências internacionais)

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