Declaração de Mourão sobre número de mortos pela Covid-19 repete fala esquizofrênica de Bolsonaro

 
Se há no governo de Jair Bolsonaro uma mercadoria em abundância, essa com certeza é a delinquência intelectual da maioria dos “poderosos”. Depois do mentiroso pronunciamento de Bolsonaro à nação, no qual aposentou o negacionismo e passou a flertar com as franjas da canalhice, agora é a vez do vice-presidente Hamilton Mourão destilar seu besteirol acerca da pandemia do novo coronavírus.

Em rápida entrevista concedida nesta quinta-feira (26) aos jornalistas que o aguardavam na entrada do Palácio do Planalto, Mourão disse que o número de mortes por Covid-19 no Brasil “ultrapassou o limite do bom senso”.

Ultrapassa com folga a linha do inaceitável uma declaração dessa natureza, pois a maior parte das mortes não foi evitada por causa da irresponsabilidade genocida do presidente da República, que apesar do falso bom-mocismo insiste em negar a ciência, o isolamento social e as medidas de proteção recomendadas por especialistas.

Ademais, Mourão deve se recordar que o presidente disse, no começo da pandemia, que as mortes pelo novo coronavírus não passariam de 800 e que a doença era uma “gripezinha” e um “resfriadinho”. Com tantas declarações absurdas e desconectadas da realidade, que incentivam o desrespeito às regras de combate à Covid-19, Bolsonaro já teria sido apeado do cargo caso o País fosse minimamente sério. Contudo, infelizmente, não é o caso do Brasil, que continua refém do proxenetismo político.

A fala desconexa de Mourão serviu para que ele tratasse do comitê de combate à Covid-19, criado em conjunto com o Congresso no dia em que o Brasil ultrapassou a trágica marca de 300 mil mortos pela doença.

Com a pandemia do novo coronavírus caminhando para seu décimo terceiro mês no Brasil, Hamilton Mourão foi ousado o suficiente para dizer que a partir de agora o governo enfrentará o que vier pela frente.

“Agora vamos enfrentar o que está aí e tentar de todas as formas diminuir a quantidade de gente contaminada e, obviamente, o número de óbitos que, pô, já ultrapassou o limite do bom senso”, disse.

 
O vice-presidente fez menção à chegada do novo e quatro ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, para falar sobre habilitação de leitos de UTI, compra de insumos para a produção de vacinas e aumento do ritmo da imunização. Segundo Queiroga, a meta é vacinar 1 milhão de pessoas por dia, mas isso está longe de acontecer.

Por conta da forma displicente como o governo Bolsonaro enfrentou a pandemia desde o começo, o Brasil tornou-se um pária internacional e já foi classificado como “ameaça à humanidade”, em razão do descontrolado avanço da Covid-19 no País.

Rezando pela mesma cartilha do presidente da República, Mourão criticou medidas de combate à Covid-19 que restrinjam a circulação de pessoas, mesmo que a maioria dos especialistas recomende o “lockdown” como saída para conter o novo coronavírus e suas surpreendentes mutações.

Contrariando o mantra suicida de Bolsonaro, o vice afirmou que a adoção de medidas dessa natureza cabe a governadores e prefeitos, já que o Brasil, cujo território tem dimensões continentais, é um misto de desigualdades regionais.

“Não vejo condições de ‘lockdown’ nacional, que é algo que está sendo discutido. Um país desigual como o nosso, isso é impossível de ser implementado. Vai ficar só no papel. Eu julgo que essas medidas restritivas têm que ficar a cargo dos governadores e prefeitos, porque cada um sabe como que está a situação na sua área”, declarou Mourão.

O vice-presidente, que participou da reunião de chefes de Poderes no Palácio da Alvorada, afirmou que foi delegada ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), a missão de dialogar com governadores e levar as demandas ao comitê. Isso porque Bolsonaro só aceita conversar diretamente com governadores que não lhe façam oposição. Apesar dessa exigência absurda, Bolsonaro arrisca falar em democracia.

Fato é, para concluir, que o combustível que move o governo é a boçalidade. Qualquer brasileiro de bem e com doses rasas de bom-senso tem o dever de cobrar do Congresso Nacional a abertura de um processo de impeachment de Jair Bolsonaro.

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