Centrão pressiona Bolsonaro e pede a cabeça de Ernesto Araújo, que terá direito a prêmio de consolação

 
Ainda ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo disse, durante sessão temática no Senado – que terminou em confusão por causa de gesto obsceno e supremacista feito por assessor do presidente da República, que não deixaria o cargo, apesar dos muitos apelos dos congressistas.

Ao responder aos senadores, Araújo disse que tem a consciência tranquila em relação à sua atuação à frente do Itamaraty e defendeu a atuação da pasta no caso da compra de vacinas contra Covid-19, mas na verdade o chanceler foi abandonado à própria sorte por Jair Bolsonaro, que tornou-se refém do chamado Centrão, bloco parlamentar que existe apenas à sombra do “toma lá, dá cá”.

Na manhã desta quinta-feira (25), Ernesto Araújo foi até a casa do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (Progressistas-AL), para explicar a atuação do Itamaraty no processo de compra de vacinas contra Covid-19. Esse encontro se deveu ao fato de Lira ter pedido a cabeça de Araújo na noite anterior, em claro recado ao presidente da República.

Após o encontro com o responsável pela diplomacia brasileira, Arthur Lira reuniu-se com o presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto. A pauta do encontro palaciano foi a exoneração de Araújo, que por questões ideológicas correu a imagem do Brasil no exterior, a ponto de o País ser considerado um “pária internacional”.

 
Depois da rápida reunião com o presidente da Câmara, Bolsonaro disse que não tem qualquer problema com Arthur Lira e que ambos são velhos amigos de Parlamento. “Eu conversei com o Lira, não tem problema nenhum entre nós, zero problema. Conversamos sobre muitas coisas: O que nós queremos juntos é buscar maneira de contratarmos mais vacinas. Na ponta da linha, fazer que chegue as informações de que as vacinas estão sendo realmente aplicadas. Isso que nós queremos”, disse o presidente da República.

Sempre ávido por cargos e verbas, independentemente da cangalha ideológica de quem os concede, o Centrão adotou o estilo “morde e assopra” na relação com Bolsonaro, o que não significa que o presidente está livre de qualquer surpresa legislativa. A ex-presidente Dilma Rousseff que o diga.

No momento em que Bolsonaro disse aos jornalistas que não tem qualquer entrevero com Lira, ficou patente que a defenestração de Ernesto Araújo e uma questão de tempo, pouco tempo.

O presidente da República, assim como fez com o general Eduardo Pazuello e o apasquinado Abraham Weintraub, procura um cargo no governo, no melhor estilo “prêmio de consolação, para Araújo. Afinal, a essa altura dos acontecimentos configura irresponsabilidade política parir inimigos políticos figadais. Considerando que Araújo tem como padrinho o filósofo da Virgínia, todo cuidado é pouco.

O Centrão pressionou o presidente da República para que o general Eduardo Pazuello fosse demitido do Ministério da Saúde e se deu bem, apesar de não ter conseguido emplacar no cargo a médica Ludhmila Hajjar, que contava com as bênçãos de distintas autoridades do Planalto Central. O mesmo Centrão pressiona para que Ernesto Araújo seja despejado do comando do Itamaraty. E tem chance de ser bem-sucedido. Resumindo, entre enfrentar um processo de impeachment e exonerar ministros que desagradam ao Centrão, Bolsonaro fica com a segunda opção. Questão de sobrevivência política.

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